segunda-feira, 23 de setembro de 2013

UM OUTONO A CHEGAR





A noite se aproximou lentamente do Dia e lhe perguntou: “Queres aparecer hoje, ou não? Está-se a fazer tarde e preciso de aclarar as ideias... O Dia meio incomodado, e de má vontade, entreabriu os olhos no meio da algazarra do despertador e disse-lhe: -“Tem calma e um pouco de paciência, Tenho de falar com o Sol, para saber se vem trabalhar hoje e se a minha amiga tarde tem o horário estabelecido, para quando regressares te entregar o serviço nocturno.
Assim conversam e passam os dias, entretendo o meu tio Setembro, preocupados com o primo Outubro, que no cair da folha de Outono, estará muito atarefado a preparar o irmão Inverno, que se lhe seguirá na gestão, despindo de folhas as árvores e dando banho frio a todo o mundo. Tudo isto, antes que a madrinha Primavera se apresente ao serviço, com todas as suas forças, e comece a trazer há luz dos acontecimentos as novas cores, folhas e frutos nas árvores, que servirão de chapéu para nos proteger do sol, com que o seu afilhado Verão nos gosta de brindar.

Partimos dos milésimos de segundos para os segundos, horas, dias, meses, anos e séculos, entremeados pelas várias estações e os gritos de um mundo que julgamos conhecer.

Outono chega na repetição do ciclo, ainda sem folhas caídas, no entanto preparado para se despedir, com todo o cuidado, de um verão tardio que deixou nosso corpo torrado e terreno bravio de tanto secar.

DC

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