domingo, 24 de novembro de 2013

Na Margem do Rio



Na margem esquerda do rio em direcção à foz, pequenos barcos ancorados e algumas pessoas se espraiam pelo areal. Uns sentados nas toalhas, outros de pé, ou tomando banho, e alguns casais a sós, ou com crianças brincando, gozam o remanso daquela tarde de verão...o mundo parece ter parado.

O rio corre lento na direcção do mar, os barcos de recreio deslizam carregados de turistas, que tudo olham de curiosidade atenta aos sítios habitados, ou arborizados, que preenchem as margens, Alguns fixam seus olhares na margem distante, onde se vislumbram de forma difusa, no espaço aberto entre as árvores, duas figuras que se agitam como estátuas vivas, como se fosse um cenário pensado para lhes espevitar os sentidos e as emoções.


Na realidade, na margem esquerda, só aqueles dois parecem existir, perdidos nas delicias da paixão, O rio bem próximo é testemunha, Abraçados se olham, se beijam ininterruptamente, sofregamente, como se fim do mundo fosse já ali. Ela sentada no seu colo, parece querer adentrar no corpo dele, como se querendo unir num só...Mãos se mexem agitadas entre eles, se procurando, se tocando, Assim ficam, tempo ilimitado, absortos em si próprios fora do mundo, vivendo o seu amor.


As árvores, que sombreiam o local, se agitam suavemente com a brisa quente da tarde, trazem o pano sonoro do seu enlevo, abafando, para além de si próprios, as juras murmuradas.


O fim de tarde se aproxima e com ele a necessidade de partirem, Poucas horas lhes restam antes que cada um tenha de seguir o seu destino... a distância voltará a trazer a dor da ausência e a necessidade do reencontro.

DC

1 comentário:

  1. Existem momentos que nem o tempo apaga...
    E este é com toda a certeza um dos muitos que jamais será esquecido

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