quarta-feira, 19 de março de 2014

AMOR SENIOR



Quem passasse por mim, naquele momento se aperceberia que alguma coisa se passava, No meu rosto se veria um sorriso de ternura e nos olhos um brilho especial. Não era para menos. Eu próprio, acabara de ver algo, que me tinha perturbado e trazido à superfície uma série de emoções e interrogações.


Ele um homem a rondar os setenta anos, alto, magro, roupa desportiva, boa figura, um rosto afável, com uma “perinha” no queixo, óculos graduados semi-escuros, com uma testa prolongada pela calvíce, um autêntico Sean Connery, Ela parecendo ter idade semelhante, baixinha a rondar metro e sessenta, vestida de saia casaco cinza escuro, blusa branca, sapato meio tacão, enfim, sobriedade e cuidado no vestir, rosto bem marcado pela idade, mas ainda com traços de beleza, e acima de tudo. revelando uma ternura imensa no sorriso que sublinhava o mexer dos lábios. Ambos de cabelos brancos, Ela falando e maneando a cabeça, e ele ouvindo atento.


O que me fez ficar enternecido, foi aquele caminhar, um ao lado do outro, de mãos dadas, firmes, como penduradas uma na outra, para que nada as pudesse separar. Passava por aqueles dois um sentimento diferente do comum, Não havia o ranço da idade, nem a relação dum casal, já há muito perdido do que os unira, pelo contrário exalavam um perfume de eternidade. Já não era o amor físico que os unia era algo mais profundo. Um amor completo, O que me afectara positivamente, e me provocara uma inveja salutar, foi aperceber-me da beleza de tal sentimento, que sobrevivia muito para além da estética dos corpos.


Olhá-los, fez-me lembrar o que escreveu Walter Riso no seu livro, Saber Amar.

DC

“Não somente és o “meu amor”, o que é compreensível e até lógico porque te amo, mas és alguém mais fundamental, mais próximo, mais “phílico”: és a “minha companheira”. Companheira de quê? De intimidade, de vida, de sonhos."


“Não apenas te desejo, não apenas a tua companhia me alegra, mas nasce em mim o desejo de cuidar de ti, com sossego, sem obsessão, sem apego.”


- Philia" (em grego: "φιλíα" transliteração para o latim:"philia") retirado do tratado de Ética a Nicômaco de Aristóteles, o termo é traduzido geralmente como "amizade", e às vezes também como "amor". Embora de fato o uso deste termo é muito mais amplo do que o primeiro

3 comentários:

  1. " Um amor completo, O que me afectara positivamente, e me provocara uma inveja salutar, foi aperceber-me da beleza de tal sentimento, que sobrevivia muito para além da estética dos corpos."Lindo!

    Amar está difícil, há demasiado egoísmos das pessoas hoje em dia!

    ResponderEliminar
  2. Arrebatador...... com uma profundidade extrema e da-nos vontade de amor assim.

    ResponderEliminar