quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Um dia menos feliz





Quando às dores do corpo se juntam, às que dentro nos consomem, a vida se inferniza e só queremos que tudo pare num instante. A vontade de resistir se esvai e aproveitamos os intervalos, em que ela se suspende, para ficarmos como aturdidos sem pensar. Por vezes as lágrimas correm não pela dor, mas pela sua ausência, que nos permite segundos de felicidade.
Se acreditássemos que temos o destino traçado, teríamos de descobrir quem foi o “Filho da Mãe” que o fez assim. Com direito ele decidira que teria de ser tão mau...e que a dor deveria estar escrita nos ossos, na pele...e dentro apertando como um torniquete, lentamente, retirando-nos o discernimento e o ar com que respiramos?
Onde está a felicidade? Como a percepcionamos? Porque a desejamos tanto?
Não existirá ela, só no intervalo do infortúnio, da brutalidade da vida, Aí ela se faz sentir, curta, somente intervalo, para a chatice da continuidade, Daí o desejo, daí a sua valorização pelos humanos. Quase me atreveria a dizer, que felicidade e saudade, são parentes próximos, a ausência de uma ou de outra tirariam a percepção real do sentimento que elas representam em nós. Será? Assim penso eu neste dia menos feliz, onde duas dores se misturam, e um momento de paragem poderia ser felicidade.

dc

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