segunda-feira, 6 de março de 2017

Olhos vazios, lugar escuro




Os olhos vazios
Lugar escuro


Sente-se assustado, com o seu próprio silêncio, a vida vai escorrendo entre os dedos dos dias. Os olhos ficam fundos e não olha de frente o espelho, tem medo do que possa ver. Aperta-se-lhe o peito sempre que tem de fazer o que não que prevê, agarra-se às rotinas que o fazem parecer vivo. Não quer que o afastem do seu lugar de estar. Ouve falar da impermanência e agarra-se ao conceito para acreditar que poderá usar esse subterfúgio para se manter na órbita humana. Nada lhe aguça o sentido, o frio se instala, não por fora como seria normal, mas por dentro, como se quisesse lentamente congelar as emoções, antes da perda da razão. Existe uma dor estranha, que vai adentrando, que o vai afastando dos que o rodeiam, o seu mundo diminui, torna-se restrito ao seu caminhar, já nada o envolve. Desreceia-se, neutraliza-se procura ser o fantasma que outrora percorria as paredes que o rodeavam, e tenta colar-se a elas, fechando-se da luz que de fora vai passando pelos interstícios, do tempo. Será que vale a pena continuar....
Nem sempre se pode manter o aparente optimismo, é uma batalha árdua que terá sacrifícios a que se não dispõe, a sua liberdade é ser, não mais do que isso, a figura que aos outros satisfaz é a hipocrisia de uma ética que não existe, morreu na hora em que muitos dos humanos se perderam na materialidade das suas vidas. Dispenso-me desse retrato, desse caminho, cheio de tempestades de areia, imprevistas e densas de pequenos nadas.
Se um dia mudar, será para aprender com o sol e os girassóis, esses ainda me alegram....

dc

P.S. Talvez porque a segunda-feira nasceu húmida, fria, e as obrigações de lei lhe impõem regras que não decididas em beneficio de todos... ou talvez pelo “salgado” na boca”, ao ter lido os factos que demonstram, que uns quantos corruptos encheram os bolsos, enquanto ao povo se lhe pedia sempre mais sacrifício. 




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