segunda-feira, 20 de novembro de 2017

DESAFIO




Ela estava ali desafiadora, provocando-o, pondo à prova as suas capacidades. O silêncio em volta era tentador para avançar. Aparentemente estávamos sós, podia estar à vontade e aceitar o desafio sem rodeios. Ele sentia-se meio temeroso. Se em tempos o fez com duas e sem hesitações, porque não agora só com uma? A idade, um pouco de peso a mais, faziam-no temer o seu desempenho. É certo que cuidava do seu corpo diariamente e sentia-se bem. Não parecia haver, razões, para que objectivo não fosse atingido com sucesso. Hesitava na necessidade de preliminares, para fazer o sangue afluir às partes do corpo que seriam submetidas à tensão. Aproximou-se devagar, encarou-a de frente, depois, olhando bem para cima, avaliou de si, avançou de mãos estendidas até sentir o seu contacto nas palmas da mão. Agarrou-a à bruta, com as mãos bem firmes, começando a envolvê-la fortemente, enquanto ouvia na sua mente os incentivos: tu és capaz, solta a cinta, eleva as pernas, ginga o corpo com vontade, força, vai, vai. Era como se uma força interior enorme o comandasse, enquanto ela se deixava submeter. De repente sem quase se aperceber o clímax aconteceu. Sentia-se no topo do mundo. Não sabe como, de repente libertou-se, soltou-a e sentiu-se a aterrar, mãos quentes como nunca, o corpo esparramado, ofegante com o sabor a vitória. A vida. A vida, tem de ser subida a pulso, nada nos é dado, pelo menos para todos aqueles que não nascem num berço de ouro. Ele, ali naquele ginásio, subindo aquela corda, sentira-se um campeão vencendo o desafio a que submetera o seu corpo e vontade.dc



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