domingo, 24 de junho de 2018

Partir...




...partir tem a despedida, a marcação na pele, as horas, a saudade, o tempo de regresso, o recomeço, ou não, o ponto final, o anseio de chegada ao outro lado, o regresso se encontrada razão, o medo de perder, as memórias, as noites de insónia, o verão o inverno, o inferno. Nunca sabemos bem, se fizemos o melhor, perante o que vem a seguir, as dúvidas acentuam-se, acrescentam mais pensamentos, imagens, discussões reais e imaginárias, razões e não conformidades.  No calor dos acontecimentos reagimos, só reagimos, se analisássemos seria sobre a pressão do acontecido e não teríamos o discernimento para o fazer melhor opção. Sabemos que uns tempos depois surgem os arrependimentos, já não se avalia a verdade, são a solidão e o silêncio, a criarem-nos a conivência e conveniência de aceitarmos tudo, para acabar com aquela incerteza e vazio. Na realidade só o passar dos anos, muitos ou poucos, acompanhados pelo esquecimento que se vai plantando, permitirão a verdadeira consciência do momento, talvez uma leitura aproximada dos factos. Ainda assim com tudo isso, vou pela noite dentro procurando o aconchego das tuas mãos. No sonho, fico perdida nos teus lábios, quando acordo, o corpo suado do pesadelo da tua ausência.

A sala permanece silenciosa, nas paredes os quadros com pinturas e fotografias, e algumas centenas de livros, são a única companhia.
Na rua, os foliões dançam e pulam, é S.João. Ela só vê o alcatrão negro da rua que demarca o edifício, o resto é só ruído.

dc

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