domingo, 23 de dezembro de 2018

A tua boca



Olho-te e só vejo os teus lábios que de forma absurda me falam, mesmo no silêncio, pela cor, formato, espessura, pelos trejeitos vários que assumem em cada circunstância, dando forma à ironia, ao sorriso, à gargalhada à ternura, ao bocejo, como enriquecem a existência da boca. 
Quando me atrevo, desenhar a tua boca com os meus dedos, é como um despertar da intimidade, um acordar dos sentidos é a vontade de sentir a sua humidade. Tocar esse batom vermelho dos teus lábios, antes de, seguindo os dedos, pousar sobre eles os meus. A tua boca é minha entrada na tua alma, é porta dos meus suspiros, é o meu lugar de linguarejar, nesse diálogo surdo de palavras, um início de caminhada do viajar das emoções. Neles sinto-te por inteiro, neles chega esse amor que tanto me enternece, o apelo de todo o teu corpo nesse desejo são de quem ama possuir e ser.
Não desvalorizo todo o resto de ti e  aqui não se aplica o dito popular “é pela boca que morre o peixe”, perante ti, o peixe sou eu ao deixar-me inebriar pela tua boca.

dc

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