domingo, 24 de fevereiro de 2019

Porta Fechada




Não aprecio a noite em si, como momento de viver, mas como um espaço em que só a mente faz ruído, nesse agitar das correntes que atravessam o cérebro, na procura das perguntas, quase sempre sem resposta, ao que queremos saber.
De repente não somos ninguém ficamos esquecidos, tudo é mais importante do que nós. Perdemos a boleia do coração e ficamos estacionados no mar morto da ignorância. Ficamos como figuras desenhadas a lápis sensaborão que se apagam facilmente com a borracha do tempo. Em gíria de futebol, passamos de bestiais a bestas, no tempo ínfimo dum sopro cavernoso da mente perversa que tudo vê errado. A dedicação se transforma, pondo o eu em primeiro lugar, abrindo as portas ao julgamento, do que se desconhece.
E penso, talvez tenhas razão, em ficar nesse mundinho apertado
, onde se perde a voz e não é necessário arriscar, preferes a estabilidade da segurança material. Os anos correrão na sua normalidade do mesmo modo que as rugas mapearão o teu rosto; enquanto isso os cabelos ficarão cinzentos, os olhos pálidos e as formas do corpo terão tendência para se indefinir entre a magreza, ou a gordura, extrema. Será um congelamento precoce numa vida esmorecida, sem o gozo emocional de viver. Entretanto, quando uma porta se fecha outra se abre, procurarei encontrar um outro alguém que arrisque, valorize e aprecie viver o presente carregado de emoções. Não estarei cá tempo suficiente, nem me perderei para saber se a tua opção foi a melhor.

dc

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