“O caminho da
vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça
envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos
feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época
da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz
abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos
céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e
sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do
que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida
será de violência e tudo será perdido.”
– Charlie Chaplin, em ‘trecho do discurso
proferido’ no final do filme “O grande ditador”.
A mulher atravessou a rua, mesmo com máscara na cara, afastou-se para o passeio oposto, aquele em que fazíamos a nossa caminhada, como se tivesse visto o Diabo. E pensei, para os meus botões. - Esta gente funciona a combustível “cagaço”, segue as normas(?), ou acredita que todos estão contaminados menos elas? Resta-me a ironia para pensar e escrever, o que possivelmente para alguns serão disparates, sobre o assunto.
Sim desinfectem as mãos, respirem o vómito da vossa
respiração horas a fio nas máscaras, evitem males maiores, o vírus é mortal,
assim podem morrer de morte assistida, durando mais alguns meses. É melhor
morrer aos bocadinhos de que duma vez só. Vamos, temos de nos defender, o mais
que pudermos, do vírus louco e fiquemos loucos, perante o mundo que nos é
roubado todos os dias. Ponham máscara tirem máscara, seja como eles querem, seja
em casa, na rua, ou junto ao mar, deixem a imunidade de mãos a abanar.
Deixem-se contaminar pelos parasitas de menor porte, que atravessam o nosso
caminho, dizendo-nos que é por um bem maior. Continuem comendo a comida
plástica, que essa é boa para manter a baixa imunidade, deixem os vegetais e os
frutos de lado, é melhor tomar uma vacina, ou um fármaco qualquer, dá menos
trabalho, do que confeccionar ou comer bons alimentos. Não abracem, não beijem,
não se cheguem perto de ninguém, mantenham a distância social, refugiem-se no
mundo virtual, é mais fácil para vos darmos a notícias em pacotes. Comuniquem no
Skipe, no Whatsapp, no Facebook, fixem-se no ecran do telemóvel ou do
computador e lerão as fake news, mais “verdadeiras”, aprenderão imensos jogos
que vos poupam de pensar na vida. Informem, informem de tudo para que sejam
elaboradas estatísticas, sejam bons informadores, porque sociedade vigiada, é só
na China que acontece, aqui é para o bem. Trabalhem em casa, podem manter a
distância social, sem máscaras, caso contrário terão de se sujeitar a horários
diversificados, que os patrões há tantos anos defendem, e assim evitam que as
empresas, nesta fase difícil, tenham de gastar dinheiro na electricidadde, em
espaços próprios, em carros que não sejam os necessários para o serviço do
patrão, além das despesas extras de internet e outras. Vá lá colaborem sempre
vão tendo emprego. Enriqueçam os pobres youtubers, os donos do Facebook, da
Amazon, vejam e deixem-se ver na distância de um cabo. Façam amor sem desgaste
de peças, nem odores incómodos, ou artefactos não desinfectados. Não é
necessário cheirar ou tocar, poupa-se no banho e na lavagem de roupa. Refugiem-se
em casa, deixem ir à rua os mais novos, eles fazem da máscara um fétiche da
moda. Aceitemos viver como zombies. Até já reforçaram a dose televisiva da
série Walking Dead para que possamos aprender a sobreviver, matando os
contaminados pelo vírus da desgraça. A cura é criar cada vez mais castelos, com
barreiras de acesso, com mísseis e espingardas, para abater os doentes, se não
for amassando-lhes a cabeça, que seja, mantendo-os à distância social. Fica-me a dúvida qual das máscaras as pessoas usam ainda?
Abusivamente, ouso utilizar as palavras, desse que foi um dos maiores de
todos os tempos, que me permitem rematar estes meu desabafo.
“O poder de criar felicidade!
Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela… de fazê-la uma
aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder,
unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo… um mundo bom que a todos
assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.”
Charlie Chaplin, em ‘trecho do discurso
proferido’ no final do filme “O grande ditador”.
dc
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