quarta-feira, 21 de abril de 2021

O perigo somos nós

Do confinamento entre lugares, passou-se ao confinamento de mentalidades e comportamentos.

Vejo-os circular tropeçando na pressa de fugir ao respirar de outros. Zombies. Como se os olhos estivessem presos por fios invisíveis de marioneta. Tiraram-lhe a face, deixaram-lhe os olhos fundos como único lugar de identidade. Muçulmanos sem ser, vítima de algozes disfarçados de bem feitores. Surripiaram-lhe a liberdade, apelando a um bem maior que serve de metáfora para a morte por descodificar todos os dias. O medo está instalado, a pressão exige obediência, submissão, aceitação da voz única. O discurso repete-se, para que a mentira se torne a verdade, sem que outras vozes se ouçam e o contraditório se revele. Vamos sendo colonizados por opiniões daqueles que defendem outros interesses que não são os nossos. Defendemos os que nos afectam e prejudicam, aceitamos os seus conceitos e fazemos deles nossos. Crédulos alguns, denunciam, e apelam a algemas e mordaças invisíveis, para aceitarmos até, que respirar é uma graça que eles fazem o favor de conceder.

dc


    “O grande êxito do capitalismo neoliberal é governar-nos não contra a             vontade, mas graças a ela e através dela, convencendo-nos de que a             situação em que estamos é o resultado das nossas escolhas e decisões”             Nora Merlín

 



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