quinta-feira, 17 de março de 2022

A natureza das coisas


Vieste em meu sono, desesperar meus sentidos, atazanar meus remorsos e descuidar minha vida. Tanto tempo descansado, paulatinamente vivendo, mesmo com mágoa ainda nas veias e pensamento, mas acalentando sossegos, que agora mais necessito, do que agitação de descaminho. Longos foram os dias, inalando cada brisa, sondando teu cheiro, e de porta encostada, na espera da tua entrada. Levanto os braços na matinal preguiça do nascer do dia, como se fosse súplica, para não te abeirares dos meus sonhos, para que não se transformem em insónia de espera nunca mais realizável.

 

dc

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