sábado, 8 de abril de 2023

Há momentos, tão sós..


... que até o respirar é falho de expressão. Interrogámo-nos, questionamos, razões e atitudes, as nossas e dos outros, e depois, depois pensamos se vale a pena tanta canseira, a imaginar mundos, onde tudo será diferente. Deitados, na cama de um hospital tudo se reduz a uma condição de dependência, de temor que o inesperado que possa a acontecer, menos da morte, que sabemos tão certa. Interrogámo-nos, do porquê, connosco, da doença ruim, da doença leve, como se houvesse leveza na doença. Que futuro nos espera após sair dali, não seremos mais os mesmos durante muito tempo. Enquanto ali estivermos, feridos, acamados, operados, ou com outro tipo de cuidados, sabemos quem zela por nós, naquele espaço, e quão mal tratados são, de reconhecimento de dedicação, de vida intervalada de urgências, sem rotinas, o inesperado é todos os dias. Nós, também absorvemos todas as dores que nos rodeiam, físicas e sociais, e aproximámo-nos com clareza, da insignificância que somos perante o mundo que nos rodeia. Quantas querelas com família, com vizinhos, por pedaços de nada, quantos ódios, quantos mandões e senhores de poder, dominam, e não são nada perante a doença, que rói por dentro e não tem tréguas, sem medir a classe social ou Poder. No serviço público, continuamos humanos, iguais, tratados por iguais, têm preocupação nos cuidados, são qualificados e dedicados profissionais. Ali, o salário conta, por menor, mas a vontade de ser presença é tão forte, que podemos dizer vale a pena o nosso SNS. Os defeitos que possa ter, são menores comparados com o valor que representam para o povo.

dc

 

Sem comentários:

Enviar um comentário