... que até
o respirar é falho de expressão. Interrogámo-nos, questionamos, razões e
atitudes, as nossas e dos outros, e depois, depois pensamos se vale a pena
tanta canseira, a imaginar mundos, onde tudo será diferente. Deitados, na cama
de um hospital tudo se reduz a uma condição de dependência, de temor que o
inesperado que possa a acontecer, menos da morte, que sabemos tão certa.
Interrogámo-nos, do porquê, connosco, da doença ruim, da doença leve, como se
houvesse leveza na doença. Que futuro nos espera após sair dali, não seremos
mais os mesmos durante muito tempo. Enquanto ali estivermos, feridos, acamados,
operados, ou com outro tipo de cuidados, sabemos quem zela por nós, naquele
espaço, e quão mal tratados são, de reconhecimento de dedicação, de vida
intervalada de urgências, sem rotinas, o inesperado é todos os dias. Nós,
também absorvemos todas as dores que nos rodeiam, físicas e sociais, e aproximámo-nos
com clareza, da insignificância que somos perante o mundo que nos rodeia. Quantas
querelas com família, com vizinhos, por pedaços de nada, quantos ódios, quantos
mandões e senhores de poder, dominam, e não são nada perante a doença, que rói
por dentro e não tem tréguas, sem medir a classe social ou Poder. No serviço
público, continuamos humanos, iguais, tratados por iguais, têm preocupação nos
cuidados, são qualificados e dedicados profissionais. Ali, o salário conta, por
menor, mas a vontade de ser presença é tão forte, que podemos dizer vale a pena
o nosso SNS. Os defeitos que possa ter, são menores comparados com o valor que
representam para o povo.
dc
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