Senti a tentação de me deixar voar na
transparência. Poderia cair na tentação de fazer uma sinopse do conteúdo do
livro, mas preferi que fosse antes, uma mistura de sentimentos e ideias que me ficaram
na minha mente. Podia falar da água que cai, num prédio diferente, na piscina
casual, como local de encontro de todos os que nele moram e na frescura ali procurada,
do carteiro apeado, que desbrava cartas para justificar a função, por satisfação,
esperando entendimento daqueles que o rodeiam e dos responsáveis, que a ele,
deviam atender.
Importante, é que me chegou com as vozes negras, carregadas de transparências,
do linguarejar do seu povo. Atingiu-me a alma de modo fulminante, no seu
gotejar da sabedoria das suas gentes, com as suas estórias e seus pensares.
Fez-se presente, em guerras já passadas que deixaram nódoas, que nem a lixívia
do tempo, consegue apagar. Tudo vozes acontecidas, na fantasia do real que se
atreveu deslumbrar. Denúncias, ou achegas de clarificar promessas falecidas, de
quem, rapidamente se esqueceu, do ainda ontem escravo, agora exercendo poderes
e gestos, a espingardar decisões de imitação barata e sem sentido. Saiu um
usurpador e logo aparecem, outros e variados oportunistas, etilizados,
colando-se aos ideais de libertação, sujando tudo à sua passagem, com os seus
punhos de renda, malabarismos de má consciência. Mas há sempre alguém, de
sangue não contaminado, que consegue trazer do povo e das suas experiências e
transparências, as suas memórias ancestrais, a beleza da ligação à terra e o
fluir da vida ainda longe dos vícios citadinos.
dc
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