Tenho palavras guardadas na
boca, para respeitar o silêncio. Poderia eu soltá-las, mas mais do que o ruído
que elas trariam, temia, aquilo que provocariam. Na verdade, é necessário
conter-me, para a fazer a mastigação necessária, e assim evitar engasgos de
maior. Por vezes, a dureza da verdade que possam trazer consigo, ou até, pelo
contrário a doçura de que se alberguem, pode criar roturas, mágoas, afastamentos,
dependendo de quem inadvertidamente as ler, sem saber se lhe estão destinadas
ou não. Tantas, são as vezes, que queremos cativar, alertar, mimar, chorar
ausências, e no destino exacerbam frio vinagre, erosão maior, pela imprecisão
do que foi interpretado. É difícil dizer, mesmo quando apessoados saberes, parecem
ilustrar inteligência, na realidade, acabarão por ser funestos se a
sensibilidade de outrem estiver longe, quando se diz.
dc
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