sábado, 16 de setembro de 2023

Tenho palavras guardadas na boca


Tenho palavras guardadas na boca, para respeitar o silêncio. Poderia eu soltá-las, mas mais do que o ruído que elas trariam, temia, aquilo que provocariam. Na verdade, é necessário conter-me, para a fazer a mastigação necessária, e assim evitar engasgos de maior. Por vezes, a dureza da verdade que possam trazer consigo, ou até, pelo contrário a doçura de que se alberguem, pode criar roturas, mágoas, afastamentos, dependendo de quem inadvertidamente as ler, sem saber se lhe estão destinadas ou não. Tantas, são as vezes, que queremos cativar, alertar, mimar, chorar ausências, e no destino exacerbam frio vinagre, erosão maior, pela imprecisão do que foi interpretado. É difícil dizer, mesmo quando apessoados saberes, parecem ilustrar inteligência, na realidade, acabarão por ser funestos se a sensibilidade de outrem estiver longe, quando se diz.

dc


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