Chorei, a guerra chegou à
soleira da porta da loja. Nela estava deitado, um negro, um "sem-abrigo" coberto
de farrapos e cartão, como um cão de guarda, impedindo o acesso. Funcionava
como um “segurança”, um alarme humano. Um ser abandonado por todas as outras
guerras, que ninguém chorou. Tiranos o despojaram da vida, com o mesmo abuso
com que faziam a guerra, colocavam bombas em casa alheia e aliciavam com falsas
promessas. Ali, na soleira da porta, estava a fotografia, de um país
colonizado, à espera da libertação. Ali, estava o exemplo, de como a um povo, se
lhe tira o orgulho e se reduz a restos. (Moçambique 1973)
dc