quinta-feira, 7 de julho de 2022

Outras Guerras

 

Chorei, a guerra chegou à soleira da porta da loja. Nela estava deitado, um negro, um "sem-abrigo" coberto de farrapos e cartão, como um cão de guarda, impedindo o acesso. Funcionava como um “segurança”, um alarme humano. Um ser abandonado por todas as outras guerras, que ninguém chorou. Tiranos o despojaram da vida, com o mesmo abuso com que faziam a guerra, colocavam bombas em casa alheia e aliciavam com falsas promessas. Ali, na soleira da porta, estava a fotografia, de um país colonizado, à espera da libertação. Ali, estava o exemplo, de como a um povo, se lhe tira o orgulho e se reduz a restos. (Moçambique 1973)

dc


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