terça-feira, 12 de julho de 2022

Amo o mar

Imenso o verde-azul, que adentra nos meus olhos, é, talvez, a fala da origem que me toca a alma. Ondas sonoras e de massa líquida, surgindo das profundezas, misturam-se com o piar estridente das gaivotas, que vão observando e aflorando a superfície com voos rasantes, numa conversa celestial com os meus sentidos. Vindos do mar, somos preenchidos por uma massa de água, formatada em design único, tornados, talvez, pensantes perdidos das guelras, da suavidade da pele e do deslizar em ondulares movimentos. É bem possível que essa seja a razão que nos atrai e nos envolve, em horas de música repetitiva, seduzindo-nos a arriscar, avançando na procura do horizonte distante, como se agora fosse possível caminhar sobre as águas, ou não temer afundar-se dentro delas. Amo o mar, como o temo pela perigosa atracção da sua imensa solidão, ele faz-me correr riscos, sempre que alguma coisa me perturba o discernimento, é nele que procuro resposta. É com ele, que me permito meditar, para além das coisas comuns, para encontrar a paz que não sobeja no seio das gentes. Também nele posso extravasar uma, ou outra, pequena loucura restrita ao pensamento.


dc


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