Imenso o verde-azul, que
adentra nos meus olhos, é, talvez, a fala da origem que me toca a alma. Ondas sonoras e de
massa líquida, surgindo das profundezas, misturam-se com o piar estridente das
gaivotas, que vão observando e aflorando a superfície com voos rasantes, numa conversa
celestial com os meus sentidos. Vindos do mar, somos preenchidos por uma massa
de água, formatada em design único, tornados, talvez, pensantes perdidos das
guelras, da suavidade da pele e do deslizar em ondulares movimentos. É bem
possível que essa seja a razão que nos atrai e nos envolve, em horas de música
repetitiva, seduzindo-nos a arriscar, avançando na procura do horizonte
distante, como se agora fosse possível caminhar sobre as águas, ou não temer
afundar-se dentro delas. Amo o mar, como o temo pela perigosa atracção da sua
imensa solidão, ele faz-me correr riscos, sempre que alguma coisa me perturba o
discernimento, é nele que procuro resposta. É com ele, que me permito meditar,
para além das coisas comuns, para encontrar a paz que não sobeja no seio das
gentes. Também nele posso extravasar uma, ou outra, pequena loucura restrita ao
pensamento.
dc
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