Mostrar mensagens com a etiqueta Foto:Diamantino Carvalho-tratamento photoshop. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Foto:Diamantino Carvalho-tratamento photoshop. Mostrar todas as mensagens

domingo, 30 de setembro de 2012

UMA SÓ LEMBRANÇA



Como sempre nos seus encontros acabavam na fnac, passeando entre as prateleiras.

Dirigiram-se a secção infantil. Pouco depois, estava ele de ar compenetrado, auscultadores nas orelhas ouvindo atento a música que no aparelho de escolha estava tocando. Olha atento para o avô, esperando a palavra importante que não chega. Este, pouco depois, solicita-lhe angustiado que deixe o aparelho para que outras crianças possam ouvir, e que avance continuando a caminhar pela livraria. Novamente ele pára e namora tempos infinitos, as várias caixas com plasticina, marcadores, jogos de montar, olha para o avô novamente, que se faz distraído, como se não reparasse na forma como ele o olha alternando com a observação dos objectos.

O avô procura não encarar os seu olhitos brilhantes. O dinheiro cada vez mais escasseia e é preciso para satisfação de outros compromissos. A sua reforma à largos anos não é actualizada e os subsídios que davam para ter um extrazito agora na sua grande parte ficou o Governo com eles, como imposto para pagar as indecências bancárias. Aquela simples lembrança tem de ficar para outro momento possível.

Ele sem pedir nada dizia “Vô olha...estás a ver olha...”, e o avô, muito a custo, lá teve de lhe dizer que nesta altura não seria possível. Olhou mais uma vez o avô e fechou o rosto, pôs-se na lateral da gôndola, onde os objectos estavam expostos, muito atento a colocar as imagens com íman sobre a pintura que lá se encontrava. Fê-lo com destreza e muita atenção como se tudo o anteriormente ocorrido já tivesse desaparecido. O avô pegou-o ao colo, aqueles dezoito quilos de vida e muito sentimento, rodou com ele no ar para que ele observasse tudo de cima como se tudo tivesse importância relativa, ele ria-se para satisfazer o avô mas com o olhar distante, como se não o visse.

Saíram, foram caminhando e o silêncio se instalou até chegarem a casa, pouco mais que meia dúzia de palavras foram ditas. Manteve-se sempre de forma contida, ele cumprira o que a mãe lhe dissera, “ não peças nada ao avô .. certo?”

É certo que as crianças precisam mais de pão, de saúde, e afecto, mas uma pequena lembrança que as fizesse sorrir também seria bem vinda.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

NO SILÊNCIO DA NOITE FICOU

Continuava a vaguear perdido na noite.

Circulando à volta da mesa, caminhando madrugada dentro, na dissertação matemática, entre distância e silêncio.

Carregou teclas, deletou, recomeçou, novamente escreveu palavras construindo frases, frases cheias de ideias, de emoções. Distância, silêncio, pausa, tempo. ligadas a emoções e a razões. O espaço da folha tornava-se cada vez mais branco, e mais difícil encontrar as palavras adequadas, para descrever o que sentia.

Perdia-se sem descobrir a razão

Pensava na raiz quadrada, na medição do som, ele não via nada que alterasse a sua emoção. Bebia chá, comia bolachas e a noite decorria, sem a calma chegar, na sua procura matemática não sabia por onde começar. Se na noite ou no dia que estava a chegar.

Continuou a vaguear perdido na noite.

A palavra saudade, surgiu na equação, e tudo mudou, saudade, não é objecto de amor, é medo, perda, sentimento de distância e silêncio. A resolução da incógnita não se encontrou.A explicação não chegou.

No silêncio da noite ficou