quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A mar



Na praia onde o mar se desfaz, sinto o cheiro da maresia e a presença do teu corpo deslizando como grãos de areia entre os meus dedos.

As dunas do teu corpo são o espaço que percorro protegendo-me da perda de ti.

O beijo da água salgada traz-me o sabor das lágrimas de prazer que escorrem dos teus lábios.

E aquele pedaço de pano matizado de flores largado no chão, resta esperando, fazendo memória.

A'mar

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

NASCIDA DE ABRIL


Há trinta e seis anos, veio ao mundo uma menina, nascida de Abril.

Nascida de Abril, porque foi elaborada e apaparicada no ventre de sua mãe, num período da vida deste país, em que a Revolução dos Cravos estava florescer, plena de entusiasmo e participação plural de todos os portugueses. Foi um período rico de vivências de Portugal. Foi um período rico de vivências de teus pais, que cheios de criatividade e vontade davam o seu pequeno contributo para se fazer história. Três amores conviviam, sem que um descurasse o outro. Amor de dois seres humanos, o amor à sua filha e o amor à revolução.
Durante alguns anos o teu crescimento, foi feito no caldo da revolução de Abril, e quanto mais não fosse, ganhaste o “berço” necessário para perceber o que são os interesses maiores e razão de ser das sociedades.

Hoje é o dia do teu aniversário e meu maior desejo, é que tu o festejes com a esperança renovada de que o mundo terá um futuro melhor, mesmo quando nos ameaçam do contrário, mesmo que sabendo que teremos uma outra revolução de Abril. E também quero que saibas, que para o melhor, ou para o pior sempre cá estamos, os que te amam, para te apoiar e ajudar a superar.

Vai ao sítio mais alto que encontrares, e grita a plenos pulmões a tua alegria de existires.

AMIGOS PARA SEMPRE

AMIGOS PARA SEMPRE ... Depois de perder os pais. esse orangotango de três anos de idade estava tão deprimido que se recusava a comer e não respondia muito bem aos tratamentos e remédios. Os veterinários achavam que ele iria se entregar à morte. O velho cão foi encontrado perdido nos arredores do zoológico, e quando levado para dentro da sala de tratamento, se encontrou com o orangotango, e os dois se tornaram amigos inseparáveis desde então. 

Que será necessário fazer para que os seres humanos, independentemente de raça, credo, origem geográfica ou económica, aprendam com os animais, e usem a inteligência de que são dotados, para se comportarem melhor que os animais? A amizade e o amor, não vivem de jogos de poder, entre pares, nem cobranças, nem guerras, mas de fraternidade, solidariedade, companheirismo e muita alegria de viver.
Todos os anos no final do ano, se fazem votos disto e daquilo em relação ao novo ano que se aproxima, talvez seja a melhor aprendizagem para todos:

Dar sempre ao outro mais do que esperamos, para receber sem esperar, mais do que qualquer outro.

domingo, 25 de dezembro de 2011

"EU CONSIGO"!!!!!



Os que dizem “Não consigo”, normalmente são os que dizem aos outros, que eles sempre tiveram apoio, que são pessoas com sorte. Com esta atitude refugiam-se, e escondem a sua incapacidade para superarem os desafios, ou para lutar por aquilo que dizem desejar.
Infelizmente são muitos os exemplos de pessoas, a quem a falta de franqueza, de honestidade, valores sociais e culturais, usa este tipo de argumentação. 



Maria João Costa Félix , no seu livro, “Bem estar interior.” Expõe de forma clara esta problemática.


“Quem tem a chamada sorte sabe o trabalho que, por vezes, dá. O muito que exige. Uma fidelidade a si mesmo. Um manter-se interiormente erecto também em momentos de desalento. Uma atenção, uma honestidade e um discernimento constante face aos desafios da vida. Frequentemente, uma ousadia. Ou uma paciência.

Viver nunca é fácil, mesmo para aqueles para quem aparentemente o é. Podemos é optimizar as dificuldades e virá-las a nosso favor, ou permitir-lhes que nos deitem abaixo.
Acreditar não é uma capacidade que uns seja dada enquanto que a outros é negada, como frequentemente se pensa.
Todos nós temos caminhos a percorrer. E, só à medida que avançamos com os nossos próprios pés, carregando com os fardos que nos pertencem, é que ele se nos vai definindo.
Há porém quem o recuse. Quem, ao sentir que ao andar para a frente é difícil, se ache no direito de descarregar para cima de alguém. De pedir satisfações à vida zangando-se com ela.”
....
“Dizer: “Não consigo” – mesmo que para nós mesmos – é como virar as costas à vida. Desligar a ficha que nos liga à corrente da energia universal. Pretender controlar todos os dados de uma situação. Ter medo da porta em aberto. Recusar a esperança. A confiança.”
...
“Ao dizermos ”Não consigo”, estamos a recusar aceitar a responsabilidade pela nossa própria vida, pela resolução dos nossos problemas, Como que a pedir – mas sem ousar fazê-lo – que alguém nos pegue ao colo e, de uma forma ou de outra, se substitua a nós naquilo que nos compete.
Estamos a recusar a abertura à fonte do verdadeiro e único amparo – que só na confiança em nos mesmos se encontra.”


As pessoas têm de ultrapassar os seu medos, e superar, a educação medíocre que as novas sociedades lhes querem impor, usando uma linguagem e princípios de fidelidade, honestidade e franqueza, que, embora nem sempre fácil, será sempre o mais correcto no respeito pelo outro. Enfrentem a tempestade e conquistem no presente o seu futuro, vão à luta. Substituam ”Não consigo”, por um forte ”EU CONSIGO”

sábado, 24 de dezembro de 2011

Como a suave brisa no deserto

Deixei que partissem as últimas palavras.
Partissem na brisa do vento, quentes e suavemente aromatizadas pelas especiarias do amor feito sem pressa. Vogando nas dunas do deserto , como no universo dos sentimentos vivem os amantes seus amores.



História de um quadro VIII - Ame o que você tem...


Ame o que você tem...
Antes que a vida lhe ensine
a amar o que você tinha
(Anónimo)


Começou por pintar o fundo de branco sem perceber o que queria. Quanto mais de branco pintava, mais imagens na mente fluíam, sem saber o que dariam.

Deixou a tinta secar, antes de outras tintas marcarem, o branco que acabara pintar.

Vogou sem pensamentos feitos. As tintas do pincel saíam, formando imagens que o não sabiam. Corpos de mulheres, em cores quentes e em poses atrevidas, do sub-consciente nascidas, redimensionavam o espaço. Corpos em atitudes despojadas, sem importar como foram encontrados e no espaço se tornaram vivos. Talvez de algum modo explicando as imagens na memória retidas, e que agora apareciam para ser lidas.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NATAL? QUE SE LIXE, MATEM A FESTA E ANULEM O FERIADO!

Não será o galo da meia noite, mas sim um garnizé simpático, que na próxima noite de Natal me fará companhia. Irá irritar-me, com o seu canto, mas fará esquecer-me porque razão esta quadra sempre me traz tristeza e por vezes, lágrimas que se me soltam do peito.
Tudo acontece cada vez mais intenso, no correr dos dias que se aproximam da celebração. Este período de festas só me trás memórias dos que morreram, deixando vazios enormes por preencher. As vidas daqueles, que sem querer magoei, e daqueles que me magoaram rasgando-me por dentro.

O Natal não me trás as memórias felizes da infância, porque esta se perdeu, nos pés descalços, nas paredes da fábrica, no corpo dobrado como escravo moderno. E no decorrer dos anos, muito menos gosto que se faça lamecha, com a treta "de que no Natal tudo é possível, e é sempre que o homem quer", passando uma esponja sobre a realidade, como se deixassem de existir pobres, a quem se roubou a dignidade e capacidade de ganhar, com orgulho, o seu próprio salário. Como se as guerras, movidas por interesses obscuros, com inocentes mutilados, fossem fruto da nossa imaginação. Como se as situações sociais que mexem com a vida das pessoas, o aumento do custo de vida, os salários baixos, o subsídio roubado, etc.etc. fossem culpa do destino.

Temos um Natal "da crise" e em crise, vendo ser sonegados ao povo os benefícios, que durante anos lutaram para conquistar, para benefício de uns tantos que ficam mais ricos. Na crise que se saiba o dinheiro não foi queimado, mas mudou de mãos e de certeza não foi para as mãos dos mais necessitados.
Sorte teve Cristo não nascendo nos dias de hoje, porque se não, nem aos trinta anos chegava, bem cedo exilavam-no em Guantamano e torturavam-no pelos seus ideais revolucionários. E na foto do presépio, nas palhinhas,veríamos um moreninho simpático, rodeados dos senhores do FMI, do BCE, e mais uns quantos, senhores não eleitos, assassinos silenciosos de países, que no Parlamento Europeu decidem dos seus destinos.

Se o Natal, não traz "Paz aos Homens de boa vontade"... então que se lixe, matem a festa, anulem o feriado.