domingo, 10 de fevereiro de 2013

Uma CONVERSA aconteceu




Não podia deixar que o tempo levasse das minhas memórias o que se passara.
A conversa passeou-se pelas nossas bocas durante largas horas, com interrupções atempadas, trazendo à luz da noite verdades e vivências, num desabafo, catarse, de factos, “coisas” nunca antes saídas da intimidade dos nossos eus. Acontecera algo novo, inesperado, que nos tornou mais humanos, mais próximos. Naquele momento apercebi-me, fazia parte de uma outra realidade, de um outro estar.

Rompeu-se o amorfismo e conformismo das rotinas e aconteceu um momento de agradável descoberta, escutando, abreviando raciocínios, deixando o calor da emoção e a voz fluindo conforme as memórias registadas surgiam na articulação das palavras e das frases. Ganhou-se alegria da diferença, solidificou-se conhecimento, abriu-se uma porta para algo mais forte, frutífero e confiante.

Assim foi um pedaço de noite, onde faltou a lareira acesa e os corpos mais próximos para que o abraço acontecesse, os nossos olhos bailassem ao sabor da chama e o silêncio confortável nos deixasse vogando livremente e sem pressas, até que o calor e as carícias de ternura nos levasse mais longe.

DC

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

TIVE PENA....


Amanheceu, o sol entrou pela janela acordando-me, senti que tinhas partido. Estava só. Não ficara nenhuma mensagem, somente o calor dos lençóis, o cheiro e o espaço vazio onde antes teu corpo dormira. Tive pena que tivesses partido sem eu saber, deixando-me orfão do teu beijo e da caricia dos teus dedos. Quando te enviei a mensagem era só para te lembrar, que deixaras o teu chapéu, e que me fazes falta.
Não te esqueças, se voltares, tens de me prometer, que quando tiveres de partir, me vais  acordar, para te abraçar, beijar e o chapéu na tua cabeça colocar.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

HOJE FAZ CINCO ANOS





O tempo passa e não nos apercebemos. De um dia para o outro, trocamos a fralda pela cueca e de repente, mal damos fé, já estamos novamente na fralda e eles crescem ao nosso lado enquanto nós vamos diminuindo.

Eles são a nossa segunda vida, e com eles renovamos emoções e vivemos novas infâncias. Eles são fruto de preocupação e muita dedicação, e exploram os nossos últimos resquícios da paciência, porque sabem o quanto os adoramos, e quanto prazer sentimos ao recebermos o seu sorriso e a sua atenção.

Há dias que a emoção se exalta, a voz tem outra entoação, e a reprimenda sai, mas nunca por nossa causa, mas pela causa maior. A preocupação de os salvar dos mesmos erros que nós, filhos, que nós pais e agora avós, cometemos ao longo da vida. Umas vezes por ouvirmos mal as vozes dos outros, outras porque nem tivemos os tais pais ou os tais avós que tanto importantes seriam.

Hoje fazes cinco anos.

Ainda foi não passou muito tempo em que te banhavas dentro da barriga da mãe e davas pontapés, nesse teu nadar vigoroso, que tantas emoções trazia a todos nós, agora já corres livremente e escolhes outras águas outras formas físicas de manifestares; um choro, uma birra, um sorriso aberto, uma gargalhada plena de olhos brilhantes, um titubear de frases com que te comunicas, o teu prazer de saborear aquele bolo de chocolate com que pintas os lábios e as bochechas, quando juntos nos nossos encontros.

Hoje não vou fazer juízos, nem do presente, nem para o futuro, só quero que gozes a tua festa, e que mais uma vez nos preenchas com a tua alegria na recepção dos presentes e com a festa da celebração que tanto gostas de viver e cantar.

Um Beijo e um Xi enorme do avô.

DC

domingo, 3 de fevereiro de 2013

NUNCA DEIXAREI DE SONHAR


Por que acredito nos Homens e não preciso de ir à missa confessar-me porque não sofro do pecado da gula, não cobiço a mulher do outro, não roubo, e sempre honrei pai e mãe, etc etc.

Nunca deixarei de sonhar com um mundo, em que todos juntos sejamos mais de que a soma das partes. Em que todos teremos direito a olhar a vida de cabeça levantada e de olhos nos olhos.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

NAS SOMBRAS DA NOITE



Escorrego pelas sombras da noite, deixo-me ir com os seus fantasmas preenchendo o silêncio e vazio das palavras com pensamentos que transformam e intuem outras realidades, que se registam nas células como marcas no subconsciente.

Sem vozes nas entrelinhas, muda-se o objecto de escuta, deixando que as sombras tomem o seu lugar. Resta esperar que a noite se vá e que elas se desvaneçam num novo dia límpido e brilhante. Aparentemente assim acontece, mas na realidade as marcas deixadas, surgem na pele num qualquer momento da realidade que atravessa o dia.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O PRIMEIRO DIA DO MÊS




Hoje, é o primeiro dia, do mês mais pequeno de todos do calendário.
Nele se celebra o dia dos namorados, que serve
(dizem)para revitalizar, as relações entre casais. E sendo o mês mais curto, será também aquele, em que à partida, os gastos económicos serão menores e o dinheiro talvez chegue, fazendo-nos esquecer um pouco o slogan “Sobra a mês e falta dinheiro”, e ficando um pouco mais optimistas pensando, “Neste mês de Fevereiro ainda chega o dinheiro”.

Fica-nos a esperança que a chuva intensa, com que o inverno nos tem premiado, seja mais espaçada e possamos celebrar o mês com um prazer redobrado. Namoro bem vivido com flores e prendas adequadas, e poupanças preciosas para enfrentar estes tempos conturbados.

DC


quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

OS "APOLÍTICOS"



No nosso dia a dia perante a crise que nos caiu em cima o tema de conversa é comum a todos: austeridade e política. Política, que na prática, está subjacente nas diversas ideias que se expressam nas diferentes áreas da convivência, social, económica, cultural e até por vezes de carácter individual. Mais ainda, nos tempos que correm, a austeridade que forçosamente nos querem impor, tem como principio, abdicarmos de valores fundamentais de vida, a favor do lucro. 
Há pessoas que evitam expressar ideias e opiniões, dizendo-se apolíticas, quando pura e simplesmente querem dizer que são apartidárias, pois só fogem ás questões quando não se sentem atacadas, (quando lhes toca na pele é um prazer ouvi-los) muitas das vezes por incultura e outras por acordo tácito

Falar da casa dos segredos, de futebol, de uma peça de teatro ou de uma obra de arte, não pode resumir-se à observação factual; mas também das razões sociais, económicas e culturais que estão na origem, ou não, desses fenómenos; por isso tomamos partido. Tem surgido ultimamente um discurso de certos sectores das elites pensadoras da intelectualidade, que aproveitando o descontentamento das pessoas em relação à classe política, vão extremando e falando em nome dos “sem partido”, ou seja, em vez de um apelo à participação politica nos seio dos partidos, ou até, na criação de outros que consideram mais abrangentes na defesa dos seus objectivos que nunca são colectivos e sociais, quando muito representam um interesse de classe bem restrito. Esta atitude oportunista, que não tem tido resultados visíveis, tem objectivos escamoteados, que se poderão a médio prazo observar: A não participação das pessoas nos actos eleitorais, pela crença de que nada adianta; a convicção de que todos os políticos e partidos são corruptos e só defendem os seus interesses dentro dos seus grupos, e por fim, o maior desinteresse das pessoas pela coisa politica, permite que os políticos corruptos se possam governar.

Aproximam-se as eleições autárquicas, e começa novamente, no seio da sociedade, a surgir a ideia “em quem votar”?, Com medo de votar em forças politicas que nunca estiveram no poder. A desculpa é a de sempre: “são todos iguais”, logo, porque não votar nos mesmos de sempre? Este, talvez, o mal maior que se consegue com o apartidarismo e o medo de fazer politica quando falamos das coisas que reais que nos afectam.

O que temos de fazer é não sermos meros votantes, mas sim participantes exigentes no cumprimento dos objectivos anunciados, tendo em conta o nosso trabalho, a nossa saúde, a nossa cultura e bem estar social, enfim a nossa felicidade colectiva.