O cumprir as rotinas em muitos momentos da nossa vida, é
muito importante, mas em muitas outros fazem-nos correr perigos. A rotina
adormece os sentidos, faz-se o que tem de ser feito, porque sempre se fez e é
necessário que alguém faça, e esse alguém temos de ser nós, pelo menos é a
nossa convicção. As rotinas são alimentadas por rituais, que as tornam ainda
mais rotinas, e menos capacitam as pessoas para estarem atentas ao que se passa
à sua volta e para a mudança. Na rotina nos escondemos, evitando pensar e
arriscar, na rotina nos mantemos, sempre esperando que algo mude por si próprio.
Há casos em que dentro de si as pessoas escondem um guerreiro e vontade de
aventura, mas esperam pela motivação que demora a chegar, ou então um dia pelo
cansaço de tanta rotina, salta-lhes a “tampa”, mandando tudo à fava. Nesse dia
darão uns quantos saltos, duas piruetas, quatro mortais, e pularão a cerca, depois,
esborrachar-se-ão no chão porque fizeram o salto à toa e fora de tempo. Tanto
se adia o fim de algumas rotinas, que quando vão executar as mudanças, já perderem
o sabor e já estão a quilómetros de distância das expectativas criadas. O que
vai acontecer? Voltarão à rotina, porque saíram dela e pensam que não resultou,
ou só uma parte se aproveitou, esquecendo-se que sair da rotina, por si só, já
é um êxito.
Quebrar as rotinas, trás a surpresa do inesperado, refresca, provoca alterações
na estrutura mental e física, permite-nos a avaliação do que nelas é importante
e o que devemos manter ou não, e que novas soluções a preconizar.
Sabemos que há uns quantos que nos querem mostrar como retrógrados,
dizendo que não têm rotinas, o que na maioria dos casos não é verdade, a
ausência de rotinas é uma rotina em si, provavelmente bem pior que a dos outros
que as têm. Por isso, é importante que saibamos ter as nossas rotinas e estar
atento à necessidade de as quebrar de quando em vez, não deixar que o “mofo”
lhes pegue pois corremos o risco do desperdício de tempo sem qualquer ganho e
sem evolução.
dc