sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Nada é impossível de mudar

 
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar. 

Bertold Brecht

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Dificuldade de governar??????



1
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

2
E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertold Brecht

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ministro da Economia leva "tareia" de deputado

Ministro da Economia leva "tareia" de deputado (vídeo) [Partilha]

Cada intervenção que vejo do senhor ministro a única coisa que consigo vislumbrar é uma enorme fragilidade, evidente atrapalhação, profunda falta de estratégia e visão, para não falar de um aberrante desconhecimento das matérias em causa. É assustador. Neste vídeo vemos o deputado do PCP Bruno Dias, aparentemente informado e com o trabalho de casa feito, a fazer gato sapato quer do Ministro quer do Secretário de Estado dos Transportes (Mas que raio de argumentação foi aquela? O senhor Sérgio Monteiro já alguma vez tirou as pantufas de Mangualde, Coimbra ou Lisboa e foi efectivamente a Londres? Bom exemplo? "Sustentável"? Meu Deus ...) Tudo isto é surrealista em demasia para ser verdade...salvem-nos!

http://aconteceemportugal.blogspot.com/2011/12/ministro-da-economia-leva-tareia-de.html?spref=fb

Bertold Brecht - Elogio da Dialéctica

Palavras tão certeiras de Brecht, e música de José Mário Branco são um apelo ao povo para que se mobilize. Povo que tem sido adormecido pelo conformismo, a quem incutem o medo para que fiquem estáticos mesmo quando explorados e com a fome na ponta da navalha do opressor. ACORDAI POVO DO MEU PAÍS.
Elogio da Dialéctica

A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos

Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nòs
De quem depende que ela acabe? Também de nòs
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aì que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã

domingo, 4 de dezembro de 2011

EU TENHO UM NETO


Eu tenho um neto, de quem falo carinhosamente dum modo que sempre detestei. Chamo-lhe “o meu netinho”, não sei o que me dá, fico preso no brilho do seu olhar, na sua fragilidade e absorvido pelo quanto me dá.
Vivo cada momento da sua presença como único. O seu sorriso enche-me de alegria,  e cada vez que pronuncia “Vô” sinto que faço parte do seu mundo.
As nossas saídas, têm sempre um pouco de história. Entrar no carro, sentá-lo na cadeirinha e falar com ele olhando o seu sorriso de satisfação, consolam-me a alma. As canções da “Joana come a papa”,  “O Areias é um camelo” e muitas outras são pano de fundo para nossa viagem ao Centro Comercial, o “Pi” , como ele lhe chama, abreviando a palavra Shopping, que não sabe pronunciar. É o seu local de eleição, do qual sente falta, quando por alguma razão, cortando a rotina, o levo a outros espaços onde estará mais em contacto com natureza, como o Parque da Cidade. Ele tem a sua razão. De Inverno quando começamos as nossas saídas matinais, o shopping era o local mais quente confortável para estarmos os dois, em especial ele, porque não há muitos espaços agradáveis ao ar livre, com essas condições. Ali, tem os escorregas, as casas de brincar do Toys ur Us, e outros sítios onde se pode entreter.
É um prazer apreciá-lo, quando saímos do carro no estacionamento, e vê-lo todo sorridente já no meu colo, esperando que lhe dê a chave, para que possa ligar o alarme. Depois, quando junto ao inicio das escadas rolantes, me pede para o colocar no chão, para as subir sozinho como um pequeno homenzinho, sentindo o seu deslizar e gozando no final o prazer do ligeiro pulo da saída para o espaço firme.
Temos o nosso ritual de cumplicidade, frequentando sempre o mesmo lugar no madrugar do espaço comercial, ainda sem o movimento pesado das horas de agitação, onde dividimos entre nós o pequeno almoço. Ao chegarmos ao café, as meninas já o conhecem, e então ele pede-me que o pegue ao colo para que as possa ver com o seu ar observador e receber os seus sorrisos de bom dia.
A nossa meia de leite acompanhada com os nossos pãezinhos, que parcimoniosamente vou partindo em pequenos bocados e que lhe dou à boca, vão-se misturando com colheres de leite “sujo” de café, que ele vai bebendo deliciado. Sempre que pega na chávena e a esvazia sem  me deixar qualquer gota visível, o seu riso de gozo, deixa-me sem jeito. Concluído o pequeno almoço é um apressar, para ir para a zona infantil, para se divertir nos escorregas, nas casas de brincar e nos carrinhos, acompanhado por companheiros ocasionais, que como ele ali se encontram.
Nestas nossas saídas, finalizamos com a visita à FNAC , local obrigatório de passagem, para ter contacto com os livros, escaparate dos posters, CDs e brinquedos, criando-lhe assim o hábito salutar de fazer dos produtos da cultura, companheiros de percurso para o futuro. Aqui, é espectacular o modo como ele retira os CDs para que eu os ouça, e como depois os arruma cuidadosamente nas prateleiras, com rigor e sem se enganar. Tudo ele aprecia, como se de um adulto se tratasse, o seu ar de entendido deixa-me enternecido.
O meu neto deixa-me muitas vezes a meditar e a interrogar sobre a vida dos adultos. Quantas vezes penso, que amor é este tão livre, tão doce que nos faz ficar felizes. Porque razão, os outros amores da nossa vida, são tão complicados?
EU tenho um neto. Ele faz-me sorrir, sentir amor, saborear a vida.
Sinopse
Langston Whitfield (Samuel L. Jackson) é um jornalista do Washington Post, enviado à Africa do Sul para cobrir as sessões da Comissão da Verdade e Reconciliação. Ele está apreensivo em relação à viagem, tal como está céptico relativamente ao processo de reconciliação, sentindo que é apenas uma forma de os perpetradores escaparem ao castigo. Anna Malan (Juliette Binoche) é uma poetisa africana que cobre as sessões para a rádio estatal sul africana e NPR nos Estados Unidos. Anna é uma entusiasta do processo, tem um grande respeito pelas tradições africanas nativas e tem grandes esperanças relativamente ao seu país. Como membros da imprensa internacional, Anna e Langston encontram-se e estão instantaneamente em desacordo relativamente às suas perspectivas opostas das sessões. Mas, com o tempo, a experiência compartilhada de ouvir os testemunhos comoventes e dolorosos aproxima-os cada vez mais.

Esta sinopse explica o filme da forma demasiado simples. Embora tenha uma história de amor nas entrelinhas, o filme conta acima de tudo uma história de torcionários, de gente que em nome da Pátria, cometeu actos criminosos, que vão desde cortarem os pulsos, os testículos, meterem ferros na vagina das mulheres, choques eléctricos, e crianças a verem os seus pais a serem assassinados, tudo com o objectivo de descobrirem conspirações políticas e militantes contra o apartheid na sociedade da sul africana. Tudo isto, com o apoio duma minoria branca, que olhava para o lado perante tais crimes. Enfim uma história de terror baseada em dados verídicos. Uma história onde se percebe um paralelismo com os julgamentos de Nuremberga cuja maioria dos nazis, foram amnistiados, porque “estavam a cumprir ordens”.

Hoje mesmo, somos vitimas de governos que nos dizem estar a fazer o melhor pelo povo, enquanto nós observamos o poder económico a engordar os seus cofres. Provavelmente, no futuro, todos os envolvidos neste espoliar do povo, dirão que estavam a convencidos estar a fazer o melhor, ou a “cumprir ordens”



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A cor da loucura nham nham



A pele acetinada, madura, apetitosa, sedutora faz-nos encher a boca de prazeres ansiosos.
Ela é motivadora de pecados em bocas mais ousadas, que a saboreiam, primeiro, em dentadinhas leves, depois com ânsia descontrolada abusam do seu sabor.
Têm o seu tempo de dar. Não se deixam apresentar, em qualquer altura. Elas procuram a o momento ideal, em que os astros as favorecem, dando-lhes riqueza e tornando-as sábias ao paladar de ditosos amantes.
Muitos têm cometido a loucura de percorrer quilómetros para as encontrar em serranias mais distantes, e aí, onde elas são mais puras e doces.
Doce álcool para sangues arrefecidos, enrubescendo faces e vontades pela sedução da sua pele.
Quanto inspiração de poetas em bocas doces belas e abertas que apetecem beijar
São elas senhoras de requintado manjar que enobrecem momentos e fazem as delicias dos mais refinados gostos, até há quem as use dando-lhes o devido mérito dizendo:

“É a Cereja no topo do bolo”