segunda-feira, 27 de março de 2017

Quebrar as rotinas




O cumprir as rotinas em muitos momentos da nossa vida, é muito importante, mas em muitas outros fazem-nos correr perigos. A rotina adormece os sentidos, faz-se o que tem de ser feito, porque sempre se fez e é necessário que alguém faça, e esse alguém temos de ser nós, pelo menos é a nossa convicção. As rotinas são alimentadas por rituais, que as tornam ainda mais rotinas, e menos capacitam as pessoas para estarem atentas ao que se passa à sua volta e para a mudança. Na rotina nos escondemos, evitando pensar e arriscar, na rotina nos mantemos, sempre esperando que algo mude por si próprio. Há casos em que dentro de si as pessoas escondem um guerreiro e vontade de aventura, mas esperam pela motivação que demora a chegar, ou então um dia pelo cansaço de tanta rotina, salta-lhes a “tampa”, mandando tudo à fava. Nesse dia darão uns quantos saltos, duas piruetas, quatro mortais, e pularão a cerca, depois, esborrachar-se-ão no chão porque fizeram o salto à toa e fora de tempo. Tanto se adia o fim de algumas rotinas, que quando vão executar as mudanças, já perderem o sabor e já estão a quilómetros de distância das expectativas criadas. O que vai acontecer? Voltarão à rotina, porque saíram dela e pensam que não resultou, ou só uma parte se aproveitou, esquecendo-se que sair da rotina, por si só, já é um êxito.
Quebrar as rotinas, trás a surpresa do inesperado, refresca, provoca alterações na estrutura mental e física, permite-nos a avaliação do que nelas é importante e o que devemos manter ou não, e que novas soluções a preconizar.
Sabemos que há uns quantos que nos querem mostrar como retrógrados, dizendo que não têm rotinas, o que na maioria dos casos não é verdade, a ausência de rotinas é uma rotina em si, provavelmente bem pior que a dos outros que as têm. Por isso, é importante que saibamos ter as nossas rotinas e estar atento à necessidade de as quebrar de quando em vez, não deixar que o “mofo” lhes pegue pois corremos o risco do desperdício de tempo sem qualquer ganho e sem evolução.


dc


sexta-feira, 24 de março de 2017

Ouvir é amar




Ela agradecia de olhos enublados todo o carinho e atenção que lhe fora dado, em momento tão difícil da sua vida e disse-lhe: obrigado por ter escutado os meus desabafos, pelo seu apoio e seu amor, Ao que ele respondeu: eu só a estive acompanhando e ouvindo sua estória. Ela olhou-o e pausadamente disse: ouvir é a melhor forma de amar.

Penitencio-me porque nunca soube ouvir assim tão bem.

dc

sem nos darmos tempo





Sinto que o tempo me foge e nada sei como travá-lo, a única coisa que sei, é que perdemos o nosso tempo sem nos darmos tempo de ir mais longe. Inventamos desculpas, mentiras suaves, protelamos a experiência de viver e depois acusamos o tempo de ele decrescer.
Quero lembrar-me da última vez em que tivemos o nosso tempo, e reparo, que já passou tanto tempo, que pouco me lembro da razão dos por quês e da distância.
O relógio não pára, os dias, os meses e os anos se vão, o que nos retém é este mundo de enganos que sustentam a falsa esperança num mais além.
Diz-se: “não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”, mas sempre nos esquecemos pela preguiça que nos tolhe. Se não decidimos, com medo de errar, ficamos com pouco tempo de procura para podermos acertar.


dc