domingo, 15 de outubro de 2017

Olhando o nada




Indefinido o lugar e a face que assume, o que lhe dado saber e conhecer, nesta espera que o habita. Será o seu amor baseado na ideia de que é amado? Será que tudo é indefinido e finito, ou o comodismo intelectual permite essa veleidade?
A espera que se faz, sem tempo determinado, tira a seriedade à esperança, de esperançar, aquele tal momento tomado como realização de um objectivo e o prazer de o conquistar. Perdida a esperança, libertar-se é a solução, não há, mesmo que só apego, nada que resista a tal desilusão, melhor será sair, partir os elos da corrente, fugir de sentimentos sem resposta, e depois...depois reorganizar-se por dentro e por fora.

Nada melhor do que alcançar a paz do “dolce far niente”, em que se divaga dentro dos sentidos, de olhos postos no nada, sem rumo ou perspectivas, sem qualquer tipo de horizonte. Difícil é chegar lá, a esse estado do nada, mas depois é deixar correr a meditação inconsciente, aproveitar esse nada que nos afasta da terra e nos deixa a vogar ao deus dará, por essas nuvens, que no céu aparecem e desaparecem todos os dias, sem que nelas alguém repare.

dc


"Sempre seremos prioridade para a pessoa certa, para quem nos ama por inteiro e se entrega sem nem pensar em porquês."
NÃO SEJA OPÇÃO, SEJA PRIORIDADE Por Prof. Marcel Camargo -24 de janeiro de 2017



sábado, 14 de outubro de 2017

BOM DIA




Bom dia carregado com nuvens de algodão doce, com a serenidade de quem vive na certeza do sol, da cultura da beleza e das coisas terrenas, na emoção de quem ama, mesmo que sejam as flores, os dias vividos, os beijos consentidos, os abraços mesmo que distantes.

Bom dia, para quem amanhece correndo, na pressa de chegar, mesmo que isso signifique trabalho e canseira, mas com a segurança plena de que vale a pena, por se saber a lutar, para que sua vida não seja pequena e aos outros dar e amar.

 Bom dia, se o sol te aquece e tens quem te ama, que melhor te daria a vida?



dc

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

não é a lonjura que nos afasta




Tudo começou numa aventura
Vivê-la deu-lhe a chama que ainda perdura

Talvez por assim ter acontecido
Todo o amor foi nascendo e vivido

Meu amor não é a lonjura que 
nos afasta
É a importância que damos ao que nos desgasta

Se na peça que se constrói não alisamos a aresta
Ela nunca encaixa no puzlle que se testa

Temêssemos o fruto de espinhos protegido
E seu sabor seria para sempre desconhecido

Se não damos uma chance alimentando
o que gostamos, temos, ou fomos sonhando

Tarde ou cedo matamos ou perdemos
tudo aquilo porque lutamos e vivemos

dc



terça-feira, 3 de outubro de 2017

O Outono, ainda no seu começar



O mar ali tão perto, com o seu extenso areal, e as gaivotas, tal como flores, enfeitando, foi lugar de espera. A neblina surgida sobre o sol tímido, instalou-se sobre o mar e a praia, trazendo-lhe a reflexão sobre o tempo e a distância entre as diferentes pessoas e vidas que ali se movimentavam.
Uns dentro de água correndo contra, e favor das ondas, iam aproveitando todas as suas oscilações e o equilibrio difícil de andar na “crista da onda”. Outros, deglutindo o seu repasto, nos restaurantes frente ao mar, viam tudo com o filtro de baço da neblina. Muitos mais no areal, ou nas beiradas que limitam a praia, talvez enganados pelo sol que bafejava a cidade, a correr, teriam vindo até ali para receber os últimos esgares de um verão tardio. Havia gente no fastio da espera, nas paragens dos autocarros, defraudados pelo clima, e pela demora em sair dali, Ao seu lado estão também os que esperam, com as suas roupagens diversas, mochilas, sacos e máquinas fotográficas, o “Bus dos turistas”, para viajarem num dois andares, sentados, apreciando o litoral e a paisagem citadina. Estrangeiros, muitos deles possivelmente vindo de lugares de sol escasso e temperaturas baixas, se deliciam com o que observam, caminhando de um lado para ou outro no grande passeio que bordeja o areal, falando, gargalhando e tirando fotos.
Um mundo de diferentes opiniões, pensamentos e olhares, se desenrolavam naquele espaço com a neblina suavizando os matizes. Ele aproveitava aquele tempo de reflexão para se distrair, suavizando a espera e o terror da solidão que o amarra ao vazio. De corpo inteiro vai entrando na neblina como um D. Sebastião que não mais irá regressar.
O Outono, ainda no seu começar.

dc