terça-feira, 3 de outubro de 2017

O Outono, ainda no seu começar



O mar ali tão perto, com o seu extenso areal, e as gaivotas, tal como flores, enfeitando, foi lugar de espera. A neblina surgida sobre o sol tímido, instalou-se sobre o mar e a praia, trazendo-lhe a reflexão sobre o tempo e a distância entre as diferentes pessoas e vidas que ali se movimentavam.
Uns dentro de água correndo contra, e favor das ondas, iam aproveitando todas as suas oscilações e o equilibrio difícil de andar na “crista da onda”. Outros, deglutindo o seu repasto, nos restaurantes frente ao mar, viam tudo com o filtro de baço da neblina. Muitos mais no areal, ou nas beiradas que limitam a praia, talvez enganados pelo sol que bafejava a cidade, a correr, teriam vindo até ali para receber os últimos esgares de um verão tardio. Havia gente no fastio da espera, nas paragens dos autocarros, defraudados pelo clima, e pela demora em sair dali, Ao seu lado estão também os que esperam, com as suas roupagens diversas, mochilas, sacos e máquinas fotográficas, o “Bus dos turistas”, para viajarem num dois andares, sentados, apreciando o litoral e a paisagem citadina. Estrangeiros, muitos deles possivelmente vindo de lugares de sol escasso e temperaturas baixas, se deliciam com o que observam, caminhando de um lado para ou outro no grande passeio que bordeja o areal, falando, gargalhando e tirando fotos.
Um mundo de diferentes opiniões, pensamentos e olhares, se desenrolavam naquele espaço com a neblina suavizando os matizes. Ele aproveitava aquele tempo de reflexão para se distrair, suavizando a espera e o terror da solidão que o amarra ao vazio. De corpo inteiro vai entrando na neblina como um D. Sebastião que não mais irá regressar.
O Outono, ainda no seu começar.

dc


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