domingo, 18 de setembro de 2011

Invisível Dimensão

Foto:Calheta -StªCruz-Graciosa-Açores
Dominado pelo sono fico entre dois mundos. Num quero manter-me acordado, do outro não quero acordar mais. Sinto o vento agitando as folhas das árvores e elas transportam-me para aproximações desconhecidas. A qualquer momento, parece que me será revelado o segredo da vida. Não quero sair daquele estado para não perder a oportunidade de saber mais, de saber o que esse computador, que trazemos na nossa cabeça, nos esconde, nos confins do disco rígido. Quero descobrir das lições do passado longínquo se há em nós a capacidade de ver o futuro. Fico pasmo, não é a primeira vez que assim acontece, o cérebro acende um luzinha invisível e não me deixa seguir para o outro lado do sonho, impede-me de descobrir se existe uma terceira dimensão, onde tudo se revela. Sei somente que me trás à superfície um medo um “dejá vu” permanente, uma sensação estranha de nunca mais querer acordar e voltar a este mundo atolado de merdas e chatices. O outro lado é muito mais fácil, mais luminoso. Demoro imenso tempo a reencontra-me com a realidade. Fico no limbo de incerteza, onde tudo é questionável, ao mesmo tempo que uma força estranha parece dizer-me que se passar ao outro lado, tudo é possível. Não sei se pelo o passar da idade, aproximando-me do fim, ou pelas imensas experiências de vida que se vão desenrolando aos meus olhos, na realidade cada novo acontecimento parece trazer agarrado a si, algo já vivido. Rostos, palavras, gestos, cheiros e sons, até momentos mágicos de encantamento se perdem nas memórias, como se algum dia já tivessem sido.
Não sei, se este é o caminho que me leva ao fim do percurso que cada um tem destinado na sua existência. Na verdade, até se assim fosse, seria menos difícil encara-lo, aceitando que afinal a matéria de que somos feitos sempre tem outro estado, que desconhecemos, para permanecer.
Quase acredito nas histórias de ficção científica, em que se diz existirem dois mundos paralelos onde o nosso outro, semelhante, vive vida diferente. De facto, quando estou nesta toleima de sono, entre o lá e o cá, fico mesmo confuso e
tudo se torna possível. É natural que um dia destes, ouça alguém dizer, que faleci, e recebo a notícia como se me estivessem a falar da minha pessoa, como ausente, como em sonhos, pois eu existo do outro lado e com muito caminho para andar.
Acredito ser possível fazer regressão, para conhecer o nosso passado, porque não acreditar, que será possível olhar o nosso futuro.
Chamem-me louco, mas não façam pouco, porque os impossíveis acontecem.

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