sábado, 10 de março de 2012

FOLHA DE UM DIÁRIO.3

De repente tudo acontece de forma inesperada e tudo muda.

Lentamente, no improviso, como todas as coisas que nascem sem premeditação, foram-se conhecendo. Muitas foram as palavras que antes se disseram, revelando ideias, valores atitudes e cumplicidades. Foi um percurso não excessivamente longo, mas não tão curto que impedisse que a maturidade da comunicação fosse demasiado aérea, ou frágil pela fraqueza dos temas. Foram tempos de comunicação sem voz, até ao dia em que o olá surgiu na linha inesperadamente ao vivo, do outro lado do mundo, voz grave e perfumada pelo sotaque, da ilha distante. Foi o começo de um saber estar, partilhar e vitalizar de sentimento impar. Pessoalizaram-se conhecimentos trocaram-se nas voltas e revoltas, das imensas componentes com que a vida é recheada. E assim foi até que o culminar de um frente a frente super divertido, envolvido de misterioso e quase rocambolesco processo. Processo esse que exigiu um afinamento de agulhas para o que um conhecimento restrito à longo tempo, não fosse percepcionado pelos demais, que teriam de ter de permeio e independentemente da sua vontade. Sorrisos cúmplices, frases de circunstância, ditaram o caminho de um futuro sem fim à vista, mas que de certeza seria, foi, é ainda hoje uma parte das nossas vidas.

Muitas coisas se passaram desde então com maior confiança, abertura, confidência, união de quereres e vontades.

Depois, sim depois, uns cabelos desgrenhados, olhares atravessando espaço, trocando mensagens. Agora ali tão perto, mas na necessária distância que o decoro exigia, nos entremeios de um momento lúdico desportivo e com a vontade imensa de romper as etiquetas, do bom senso e partir para os confins sem travões.


Nunca, uma Ilha se tornara tão pequena, que a dimensão dos sentimentos dos corpos que a continham. Dias de frente a frente, de caminhadas e sorrisos, de calores e pouco siso foram momentos incríveis. E de tal forma o foram, que algum tempo depois numa passageira permanência foram atrevidamente realçados em lábios saudosamente saboreados entre murmúrios e o avistar de ruidosos pássaros de metal.

Daí nasceram, sentidos, reacções e corpos que se soltaram em orvalhos maduros marcando rastos na intimidade. Mesmo na distância a sonoridade de um voz mexia na realidade libertando continentes de emoção.

Difícil será mesmo no interregno que a necessidade obriga, esquecer quem em nós está e vive, como presença de plenos sentidos.

Inté, como quem diz, mais depressa que o que se pensa acontece o que não se espera.

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