quarta-feira, 18 de abril de 2012

CAMINHAR À CHUVA

Caminhava pelas ruas, a chuva miúda caía sobre ele enquanto cantarolava coisas incoerentes. Hoje estava só, os companheiros, ficaram-se pelo aconchego do lar. Era ele, a chuva, e os seus pensamentos que corriam tão rápido como a superfície do passeio debaixo dos seus pés.
Longos meses observando, lendo, tentando memorizar, traçando formas, na alvura do papel. Linhas, tintas de várias cores, procurando um rosto, um corpo, uma alma...pensava. E a chuva caindo, criando uma espécie de neblina sobre as vivendas modernas, que enfileiravam ao longo das ruas....pensava...e porquê esta incerteza de saber, se o final é, mesmo o final? Os pensamentos se diversificavam, e o tempo passava.
A caminhada se aproximava do seu fim, uma hora tinha decorrido, sem se aperceber, e a chuva continuava, acompanhando a mente que trabalhava, sem se preocupar em esclarecer dúvidas, ou respostas, tudo surgia no meio do cantarolar. Tudo funcionava como em plena meditação, não se agarrando a qualquer pensamento, tudo deixando seguir sem paragens, como a caminhada um tempo antes começada.
Chegado a casa, tomou banho, vestiu-se calmamente e foi sentar-se no sofá, em silêncio reflectiu; Naquele espaço de tempo, em que a chuva caiu, o seu corpo se mexeu, a mente trabalhou, uma certeza lhe ficara, a caminhada, como sempre, fora muito útil para não stressar e pôr a vida a andar.

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