quinta-feira, 10 de maio de 2012

COM A SAÚDE NÃO SE BRINCA


Quando doentes somos uns atrasos de vida. E quando a idade começa a pesar pior ainda. Ficamos piegas, com lágrima ao canto do olho, vendo a inutilidade em que nos tornamos. O mal estar sobrepõe-se a tudo. Não discernimos com correcção perante os que nos rodeiam. "Odiamos" os médicos que não acertam com o mal que nos consome, que mal nos ouvem começam a prescrever como se o que dizemos é o comum de todos os doentes que lhe entram pela porta dentro. Como se cada doente não tivesse as sua própria doença e idiossincrasia. Acho que, quando entramos no consultório do Centro de Saúde, os médicos já estão saturados e cansados de atender tantos doentes que nem capacidade têm para atender devidamente. Não é uma questão de incompetência, mas sim de excesso de trabalho e de empecilhos burocráticos, que por vezes lhes limitam as decisões. 

Quando o Passos veio ao Porto, eu fui lá vê-lo e enviar-lhe uns piropos de agradecimento, altamente justificados pelo que aconteceu depois disso. Ao tentar fazer-me ouvir por ele, na esperança da sua simpatia, fiquei bastante rouco. Primeiro, para não incomodar os médicos, e porque o preço da consulta dobrou, tentei resolver com as mezinhas caseiras. Nada se alterou, o que me levou dias depois a ir ao Centro de Saúde da área da minha residência ver o que se passava. Resumindo, fui a primeira vez sem que os medicamentos fizessem efeito, mas como o médico dissera ser também uma questão de tempo, deixei passar mais uns dias e lá voltei ao centro, para ser visto por nova equipa de médicos que me disseram que, se não doesse nem tivesse febre, o tratamento seria eficaz. Assim fiz. Melhorou, piorou, melhorou piorou e agora, passados dois meses, a tão propalada febre chegou e, mesmo sem dor, terei que ir novamente ao Centro de Saúde. Com tudo isto gastei, em consultas, dez euros, mais os diferentes medicamentos, cerca de vinte e cinco euros. Como vou lá voltar, possivelmente terei de tomar novos medicamentos, esperar que acertem, e pagar mais um tanto. Se não resultar, possivelmente, por fim enviar-me-ão para um especialista, onde irei pagar mais não sei quanto, e esperando que ele tenha vaga nos próximos meses. Entretanto, continuarei com dificuldades respiratórias, a garganta com pigarro, que por vezes me leva a vomitar, e abençoar todas as medidas que o governo tem tomado para que eu possa morrer mais depressa, ou fique com uma doença crónica, ou ainda algo mais grave, que mais tarde dirão que foi por desleixo do doente em devido tempo não ter alertado os médicos. Dasssssss.

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