quinta-feira, 3 de maio de 2012

OUVI PALAVRAS AGRESTES


Ouvi

As palavras agrestes,
Desconexas, violentas
Continuando no seu zumbir
Não são frases com letras
São palavras com sentir
Surgem como setas
Doem no seu fluir

Ele tomba, rola, enleia-se
Vomita-se nas palavras
Merda. As frases existem

Fica-te surdo à sua violência.
Espera as palavras amigas
Que exprimem outra essência
E mandem a dor às urtigas
Parte com fúria, mas não gritando
Não deixa que rolem lágrimas
A cólera se irá afastando

Pela primeira vez, fica-te firme
Sem temer as rugas na expressão
Deixa ao corpo que não se redime
A dor de tão grande paixão

Fervilham pensamentos
Desconhece o que os alimenta
Lembrando-lhe tais momentos
E a dor que o atormenta
No rosto sorrindo, a couraça
No silencio a mordaça

À mágoa que dentro de si quer calar
Não há tempestade sem bonança
Para fazer serenar o mar
Na verdade
Se calhar,
Só saudade
por ter de acabar

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