terça-feira, 15 de maio de 2012

UM RAPAZOLA COMANDA O PAÍS

Não podia deixar de publicar este texto, embora curto, bem expressivo.

Temos de facto um primeiro-ministro que leva qualquer um a "perder a cabeça", ao ouvir tais dilates. E se repararmos bem, as figuras públicas que se pronunciam a seu respeito, já são tantas e dos mais variados sectores profissionais, intelectuais e políticos, que se torna um "caso de estudo", o papel que esse senhor ministro representa na cena política. Tanta incompetência seria suspeita, mas sobre tal figura, todos, intimamente, sabemos que está a cumprir um papel no teatro político, para quando sair de cena o país ser entregue aos srs. que comandam o mundo e que têm um só objectivo, obter mais e mais dinheiro e poder.



DANIEL OLIVEIRA: ANTES PELO CONTRÁRIO

Um rapazola a quem calhou ser primeiro-ministro

Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
8:00 Segunda feira, 14 de maio de 2012


"Estar desempregado não pode ser um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma. Tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida. Tem de representar uma livre escolha, uma mobilidade da própria sociedade." Pedro Passos Coelho

Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas não se esqueceram de onde vieram e por o que passaram. Sabem o que é o sofrimento e não o querem na vida dos outros. São solidárias. Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas ficaram para sempre endurecidas na sua incapacidade de sofrer pelos outros. São cruéis. Há pessoas que tiveram uma vida mais fácil. Mas, na educação que receberam, não deixaram de conhecer a vida de quem os rodeia e nunca perderam a consciência de que seus privilégios são isso mesmo: privilégios. São bem formadas. E há pessoas que tiveram a felicidade de viver sem problemas económicos e profissionais de maior e a infelicidade de nada aprender com as dificuldades dos outros. São rapazolas.

Não atribuo às infantis declarações de Passos Coelho sobre o desemprego nenhum sentido político ou ideológico. Apenas a prova de que é possível chegar aos 47 anos com a experiência social de um adolescente, a cargos de responsabilidade com o currículo de jotinha, a líder partidário com a inteligência de uma amiba, a primeiro-ministro com a sofisticação intelectual de um cliente habitual do fórum TSF e a governante sem nunca chegar a perceber que não é para receberem sermões idiotas sobre a forma como vivem que os cidadãos participam em eleições. Serei insultuoso no que escrevo? Não chego aos calcanhares de quem fala com esta leviandade das dificuldades da vida de pessoas que nunca conheceram outra coisa que não fosse o "risco".

Sobre a caracterização que Passos Coelho fez, na sua intervenção, dos portugueses, que não merecia, pela sua indigência, um segundo do tempo de ninguém se fosse feita na mesa de um café, escreverei amanhã. Hoje fico-me pelo espanto que diariamente ainda consigo sentir: como é que este rapaz chegou a primeiro-ministro?


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