segunda-feira, 14 de maio de 2012

Entre o Sonho e o Acordar



Choro convulsivo, dor de um amor ido que lhe enche os dias.

Cospe através da janela do quarto exíguo, onde vive num apertado desespero de sobrevivência. aquele gesto repulsivo traz-lhe à memória, aquele outro, aqui impulsivo, de custos elevados, que terminou na sua separação recente. A vitima é ele mesmo. Tenta sanear do corpo, não só da saliva, mas também daquilo que na sua mente o persegue. Qual o significado das unhas do gato semi-enterradas na pele do antebraço? Sono, sonho, realidade, medo? Porquê os dentes aguçados e o olhar felino centrado no seu rosto que não reage. Ele desconhece o saber do povo, “gato branco ( ou preto) dá azar”? Não vá o Diabo tecê-las. O Diabo? Não, o gato, não vá ele aborrecer-se e deixar-lhe no corpo rasgos, qual terra lavrada, semeada pela angústia que o assola.

O Sonho esvai-se no acordar, provocado pelo ar fresco da janela do quarto. O gato branco se esfuma libertando-o das suas garras e corpo reage, sobrevive. Ainda perdido, sem rumo quanto à origem daquele medo, daquele choro convulsivo sonhado. Se reencontra com o momento de sempre na casa preenchida por objectos sem vida. Recomeça mais uma semana sombria e de rotinas estruturadas.

“A auto-estrada no sentido Norte-Sul junto à Ponte da Arrábida, está interrompida devido ao despiste de um pesado junto à....”, diz o locutor de uma qualquer rádio. Assim se inicia o purgatório de mais um dia de chuva miúda, numa segunda-feira que todos os sete dias significa o começo de mais uma das muitas semanas que fazem parte da nossa vida.

Agora, encontra-se sentado num sítio onde pode observar a rua. No seio de um espaço físico onde o tilintar das chávenas, do café da manhã, são a sua companhia. Delicia-se a olhar as curvas e requebros dos corpos femininos, vistosamente aperaltados, que são laboriosamente preparados, para que, além do acto diário de cobrir o corpo, criem momentos encantatórios que deixam de rastos, no parceiro, que ainda não é, mas pode vir a ser, esteja ele onde estiver. O sonho, esse já não está lá, agora só resta a pressão a angústia de algo que não sabe mas que permanece desde que se iniciou o seu dia.

Não damos muita importância aos sonhos, no entanto, eles marcam-nos o dia que nasce, com tanta força como a realidade. É o sonho que nos comanda a vida....

2 comentários:

  1. Sonhar o amor é bom
    Porque tudo é como queremos
    Não existe tempo, dor, desilusão, contratempo
    Tudo é perfeito...
    Mas eu prefiro vivê-lo!
    Pode ser com dor
    Com a impaciência de um tempo
    Que não passa para estarmos juntos
    Com algumas desilusões
    Ou necessidades de ajustes...
    Mas é tão bom viver o amor
    De forma concreta e real
    Que prefiro mil vezes
    Que seja imperfeito...
    Mas que...EXISTA!
    Mesmo para uma flor...

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  2. É a fé que nos comanda...
    O sonho é um objectivo!

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