terça-feira, 5 de junho de 2012

EU NÃO FUI AO ROCK IN RIO

Eu não fui ao Rock In Rio, porque ao contrário de muitos, eu não digo: “Não é por causa disso que as coisas vão mudar”. Claro que não, num país em crise como o nosso, é uma forma “fixe” para os politólogos virem justificar para os media que afinal gastamos acima do que devíamos por isso a austeridade do governo é adequada. Não está em causa se gosto de ouvir música, ou dos músicos que lá aparecem como vedetas. Eles são pagos e como tal fazem o trabalho, vergonha é ter que lhes dar durante a sua estadia para além do que ganham, mimos durante as actuações que são um insulto para todos aqueles que vivem em dificuldades em Portugal. Sustentam-se vedetas que vivem da miséria e que em muitos casos dão um contributo sério para indigência dos jovens. Diz-se que o futebol é o ópio do povo, ali naqueles espaços o ópio, heroína, coca, ecstasy, etc., fazem parte do espectáculo, para embriagar os sentidos de muita juventude que nem vota, e que vive literalmente à custa de seus pais, e alguns deles reformados. À boa maneira portuguesa protegem-se “os meninos”, porque no passado se passou muita fome e eles “os meninos perdem a noção de que a maioria das famílias mal têm dinheiro para sustentar a casa, mas pode-se gastar um bilhetinho que dá para a carne para colocar no prato durante uma semana.
Triste país este que pede austeridade e permite que se abram supermercados ao fim de semana, e que usam falsos aliciantes para aumentarem o consumo das pessoas, fazendo-as endividar ainda mais, indo atrás de um benefício precário, que na maioria dos casos ronda em prejuízo. Triste país que permite estes espectáculos em tempo de crise, e que sustenta, o ópio do povo, para que se distraia dos grandes problemas que deviam estar na ordem do dia.

Que interessa que o povo pague a dívida que não fez? Que interessa que o SNS de saúde desapareça, e a sua qualidade todos os dias seja posta em causa como se a saúde fosse uma mercadoria? Que interessa que o desemprego atinja um milhão de pessoas?
Que interessa que os bancos nos cobrem mais taxas e enriqueçam com a crise? Que interessam os políticos corruptos? Importante, mas mesmo importante, é mais um rockinho para a próxima semana, ou mais um Festival de Dás ao Coiro num cantinho qualquer do país para que a maltinha se vá entretendo até ficar sem nada.

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