segunda-feira, 27 de agosto de 2012

QueM EspeRa DesesperA


Ali estava eu sentado no cais da Estação de comboios, após a correria através da cidade, para chegar a horas. Tudo fiz para cumprir o horário e não deixar que me esperassem olhando espaço desconhecido, tristemente vazio, onde é comum esperar que nos recebam.

A voz do altifalante comunicava: “o comboio proveniente de Faro com destino ao Porto Campanhã com chegada prevista às doze e quarenta e quatro, traz um atraso de cerca de quinze minutos, estando a chegada agora prevista para as doze e cinquenta e oito minutos”.

Afinal, fui eu que fiquei esperando a chegada prevista na estação semi-vazia. de nada servira a corrida contra o tempo para cumprir horário. afinal era eu que teria de controlar a ânsia da chegada, desse alguém que há muito esperava. era eu que ficava com o olhar vago olhando o espaço semi-deserto da estação, perdido nas conjecturas de um chegada que ainda não acontecera.

Se a chegada fosse na hora prevista, toda a tensão teria desaparecido. A correria para estação, o tempo de espera quase nulo e alegria da chegada não deixariam lugar aos pensamentos, só ficaria o atordoar do encontro de ambos ao mesmo local, onde há muito estava previsto o seu chegar. A estação vazia, ou cheia, pouco significaria, pelo prazer do reencontro. Os pensamentos e seus juízos seriam feitos, se houvesse tempo para isso, à posterior.

Assim não aconteceu. os nervos, o olhar na distância no ponto onde as linhas do comboio, paralelas, parecem encontrar-se, como que esperando alguém que chega do infinito como se saísse do nada. os pensamentos, a ânsia, o mexer irrequieto das mãos, o caminhar, sentar, levantar, olhar o placard electrónico com os horários, observar os outros que nos observam e que sucessivamente são observados pela mesma perturbação. Alguns falam para os viajantes através do telemóvel essa maravilha da modernidade: “Onde estás, na ponte? O quê ainda não passaste a ponte, mas aqui dizem que estás a chegar?....Não viste nenhuma razão para o atraso... beijo até já. É assim que decorrem os quinze minutos. Mesmo sabendo que a culpa do atraso não é nossa, mesmo sabendo que quinze minutos é um curto espaço de tempo, nada nos acalma nada atenua a nossa irritação, nem nos leva aceitar com bonomia “é só um pequeno atraso do comboio ponto final”, naaa puts, q os pariu...raios.. se quase não tem movimento e há atraso o que seria se... dasss... e um chorrilho de asneiras acompanha o pensamento que afinal não deveria ter acontecido.

Não fora o prazer do beijo da chegada e o abraço imenso do reencontro... e não perdoaria à CP não ter cumprido o horário.

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