sexta-feira, 29 de março de 2013

ESCREVO-te muitAS VEZES



Tenho escrito algumas vezes procurando chegar ao centro de ti mesmo, e não consigo. Uso as palavras doces que tanto gostas, as frases que me revelam, só para ti, e mesmo assim não consigo abrir esse cofre onde te fechas.

Não mates a minha vontade de te escrever, não me coloques a dúvida do teu sentir, faz-me acreditar que “ouves” o que eu digo, e me abraças enroscado nas frases que elaboro, e me beijas com o acento circunflexo dos teus lábios.

Faz-me sentir que não corro o risco de a chave se perder, e de as minhas palavras desaparecerem, transformadas em letras desgarradas como grunhidos, puf ahg ih .

Não me troques pelo tempo no computador, ou pelo jogo de futebol do clube que adoras, porque um tem muita tecnologia e o outro, por vezes, é fanatismo exacerbado e ambos te robotizam, afastando-te do que eu escrevo.

Escrevo-te muitas vezes. As palavras fazem as frases e descrevem o que eu sinto. Algumas vezes sonho, que o que eu te escrevo te provocará resposta, e que nesta, as palavras virão para me assegurar de que “ouviste” as minhas emoções e o quanto receptivo a elas és.

Não demores, a escrever e a responder ao que eu escrevo, porque provocas em mim o receio de que é tempo de te perder.

Enquanto te espero, pinto os meus lábios com letras góticas, arranjo cabelo no melhor itálico, faço unha com todos os acentos e visto-me com a simplicidade duma arial regular, para quando chegares te receber com frases de poeta.

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