Pintara um quadro com uma estrelícia há já alguns dias. Muito figurativo, e muito pormenorizada, queria testar capacidades, voltando aos primórdios académicos, em que pintava com o modelo à minha frente. Não desgostei do que fizera, mas sentia-me insatisfeito, amarrara-me demasiado à preocupação de que fosse quase fotográfico. Levou pequenos toques, artificiais para que o “está tal e qual” dos observadores, não se verificasse. As vibrações foram fracas.
Na prática precisava de “borrar”, ter o prazer de sobrepor tinta sobre tinta, pincelando, mexendo nas formas, engrossando traços deformando o desenho, procurando, sugerindo, compondo o espaço e cor. Assim fiz, pintando novamente uma outra “estrelícia”, deliciando-me, sugerindo mais do que copiando, longe da perfeição, do “parecido” com a realidade, para encontrar outros efeitos mais vivos, mais de dentro de mim próprio. O resultado foi o que aqui se vê. Como uma criança “brinquei”, não às casinhas, mas às pinturinhas e diverti-me bastante.
DC
sábado, 18 de maio de 2013
HISTÓRIA DE UM QUADRO IX
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Pintura: Diamantino Carvalho
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