sábado, 19 de outubro de 2013

E como ERA FRIO aquele ACORDAR.



Ouço a música, vejo a imagem das papoilas vermelhas enchendo o campo onde passeias, inebriando, Sinto o calor estranho que aquece o meu corpo...lembro que a noite gelada ainda restava dentro de mim desde que partiste.

De noite acordei e apalpei o espaço vazio, A tua ausência no seio dos lençóis. O calor do teu corpo não está, mas o seu cheiro ainda permanece, morno, como sempre fora no amanhecer, Já não ouvia a respiração pausada do teu sono. Embora nem sempre, quando estavas tudo eu era diferente, tudo em volta ganhava cor e sentia-me vivo.


Agora não, o regresso não estava escrito nem nas palavras, nem nos teus olhos claros, que se perdiam apáticos olhando para o longe nas minhas costas, sentada no cais esperando.


O imperioso partir, outrora tinha em si a ideia do regresso, e por isso vivia aqueles tempos como se fossemos reis, desbravando a terra dos nossos corpos, em mil carícias, ternuras e palavras, Tudo servia para a construção do filme, Nós realizadores e actores a tempo inteiro.


Sabia-te temporariamente em meus braços, sabia-te ao sabor das estações do tempo, nas suas diferentes temperaturas, cores e beleza, sabia-te o prelúdio de todas elas, mas sempre te esperava...


Talvez tenha sido a imaginação me traindo, mas se assim era, só poderia ser das papoilas, tão real era o que ainda sentia, E como era frio aquele acordar.

DC

Sem comentários:

Enviar um comentário