quinta-feira, 17 de outubro de 2013

SÓ VERMELHO





Como se pode deixar o que amamos?
Quando sofrer é mais do que amar

Como pode deixar de doer?...

Assim sucessivamente como dizia o amigo da onça, que me ouvia, na mesa do café. Ele não estava lá mas eu o ouvia serenamente e falava horas seguidas numa conversa a dois.

Sentado, com os meus jeans azuis, casaco de chuva vermelho, à mesa do café vermelha, guarda sol vermelho, chávena de café de logo vermelho, E todo eu por dentro vermelho, no sangue, na raiva, na paixão, no palpitar vermelho do coração, O sangue que escorre do touro é vermelho, e o capote sujo de sangue de vermelho, a arena manchada com o sangue vermelho do toureiro... Os pensamentos vermelhos, pelo que defendo, pelo que eu amo, pelo que eu observo nas cores do sol de fim de tarde, No que desfruto nos frutos saudáveis, dessa cor vibrante vestidos, As maças vermelhas, as romãs vermelhas, os morangos vermelhos, as cerejas vermelhas, E a pele natureza dos teus lábios vermelhos, as unhas pintadas de vermelho, o tango e o teu vestido vermelho, e os teus sapatos vermelhos e bolsa vermelha, e o teu lenço vermelho segurando o teu cabelo.

Forçosamente, desenharei a vermelho, as letras das palavras do cartão, que vai com as rosas vermelhas que te envio, se soubesse compor música teria de inventar notas com sons de vermelho, para te fazer pensar em mim vermelho.

Vermelho tão controverso nas suas associações psicológicas ou materiais, sinal de perigo, guerra, sangue, cerejas, morangos, lábios... coragem, esplendor, calor, agressividade, alegria, vivacidade.

E eu continuo sentado, vermelho por dentro e por fora, esperando a segunda resposta que o meu amigo não me consegue dar.

DC

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