domingo, 9 de fevereiro de 2014

Sinto falta de um caldo quente de atenção

 



O frio, chuva e humidade pairam no ar, o vento fustiga as janelas fortemente, são três horas da madrugada de quarta-feira, A intempérie acordou-me, preocupado acorro à sala, as gotas acumulam-se no tecto e a qualquer momento a água pode entrar. Este inverno tem sido um inferno, enquanto o problema do telhado não se resolver as noites vão ser sempre assim.

A gripe tomou-me, dores de garganta, tosse, expectoração, antibiótico, e comprimidos para as dores de cabeça, tudo contribui para que se prolongue o inferno. Os pesadelos são muitos, o sono intermitente, por vezes, o acordar corresponde a dez minutos de tossiqueira, depois, novamente sono e pesadelos...

Sinto a falta de um beijo na face, dum abraço apertado, de um caldo quente de atenção, a falta o mimo que nestas alturas é tão importante como os medicamentos. O tempo passa, sentimo-nos frágeis como crianças nos seus primeiros passos.

As horas decorrem, e o dia surge e nada melhora em relação à noite, o cenário de inferno se mantém. Nos momentos de maior lucidez, me assalta à mente, a necessidade de ir à rua ver sol, ouvir os pássaros, ver, imagine-se, gente, pessoas, isso pessoas, como se estivéssemos afastados do mundo há séculos.

Os amigos escasseiam, perdidos na sua própria vida, vão-se afastando com os múltiplos afazeres, até ao dia, que se divorciam, ou tem problemas que precisam da nossa ajuda. Aí aparecem novamente chorosos, ou desgastados, pedindo um ombro onde encostar a cabeça, e um ouvido que ouça as sua lamentações que nesse momento são as mais importantes do mundo. Na verdade a amizade é um pouco isso, se fosse uma namorada ou esposa não aturávamos tanto.


Já te disse? Acho que sim, Faltas-me tu, que preenchias os meus sonhos e a minha realidade, Não estás aqui para mim, não pelo teu corpo, mas pela tua ternura, a tua voz, aquele tal abraço, o aconchego da roupa. A tua presença, no meu chá em que me lembras do comprimido a tomar. Como quando estiveste doente, e eu desesperava com medo que algo de mau acontecesse, e te mimava. Foram vinte e quatro horas de dúvidas e dores, Começou com dor, que se foi amenizado com doses de amor, carícias múltiplas, mimos e atenção sem par nos “entretantos” e depois o relaxar com o novo dia nascendo na alegria.

Hoje não será assim, ao levantar-me encontrarei o vazio, o silêncio, e não haverá remédio, que me tire os pesadelos e a inconstância que me perturba.

Nestes momentos menos bons, tudo nos ocorre e a ausência de quem amamos dói mais.

DC


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