sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Talvez fosse bom haver apagadores de memórias

 
Sim, passeei os meus olhos pelas imagens e vi-te, estavas lá, como sempre, ainda mais presente que em todos os sonos perdidos em que te passeias na minha memória. Como é possível que a nitidez dos traços se mantenha tão marcante, e não se desfoquem com o passar do tempo? Possivelmente, pelas muitas vezes, fotografada, desenhada e pintada. Possivelmente, pelas dezenas de vezes, que a escutando desenhava seus traços na minha memória para a sentir mais perto.

E também fotografei, desenhei e pintei o mar com os seus barcos, com o seu areal e com as flores na margem, da paisagem quente, ensolarada das terras do sul, Nela a partilha de um bem querer, mais profundo, um símbolo de aproximação de espaços. Afinal uma composição, um preenchimento de espaços, com as cores da emoção, entre retrato e paisagem, fazendo o mapa da viagem. Tudo levava a crer que partiriam os dois com o mesmo destino, mas afinal só um viajou.

“A princesa, não se dignara a chegar junto do pobre pastor, e este amando partira, para não se perder.”

Talvez fosse bom haver apagadores de memórias, que nós pudéssemos usar sempre que queremos afastar o que nos magoa.

DC

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