quarta-feira, 12 de março de 2014

DEIXAR-TE PARTIR



Tento explicar para mim próprio, que sentimento é esse que nos deixa trémulos, a dizer as frases ingénuas e incoerentes, a viver as fantasia mais loucas, ser criança ansiosa, de querer estar perto, cada vez mais perto, como se quiséssemos que o mundo, fosse, só, um nós quase egoísta. Existem palavras várias tentando explicar, mas não existe uma única definição, a sua interpretação varia de pessoa para pessoa, de momentos, de vivências. É um sentimento como a saudade, usa-se e define-se mal, saudade essa, que até se confunde, com esse amor, também ele saudade imensa.

Sem falar das frases de poetas, pintores, ou gente comum, eu diria, O Amor É. Só isso, mas cometo os mesmos erros dos outros pela necessidade de demonstração do impossível. O amor está no olhar, no andar, no falar, no sorriso, no voar, na química, no cheiro, no tremer dos lábios, no correr da noite dos abraços, e umas tantas outras coisas, que se sobrepõem ao comum dos dias contados e vividos.


É difícil deixarmos partir quem mais gostamos, muito mais, quando o fazemos pelo que entendemos ser a razão certa, Pior, quando ainda temos as marcas, do nosso ontem, e sabemos que tem de ser, Na verdade, se não podemos usufruir do presente, o futuro se torna longínquo. Não é a liberdade que se procura, é sim o compromisso com nós próprios, é dar uma oportunidade à vida, não magoando quem parte, ou quem fica.


O amor, não morre ao primeiro suspiro de uma volta da vida, fica-nos enterrado na pele como tatuagem e arrecada-se num pedaço, bem dentro de nós, daí a necessidade duma paragem no tempo, sem a tortura da ausência.


Assim fico mais uma vez esgravatando nas palavras, com o pensamento voando horas sem conta, pelos dias e noites, sem saber acima de tudo, quanto de amar implica, deixar-te partir.


DC

"Pois de amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando."

Carlos Drummond de Andrade

1 comentário:

  1. Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima. Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar.

    Martha Medeiros.

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