sexta-feira, 7 de março de 2014

QUEM SABE..



Sentia que algo morrera dentro de si. Caminhava em círculos dentro daquelas quatro paredes, negras, sem fresta de luz, ou qualquer saída. Tinha a consciência, de que do outro lado havia a cor, outra vida, mas esta fugia-lhe e não conseguia encontrar saída.

Sabia o que tinha de escrever, no entanto não escrevia, ajustava o bico da caneta, experimentava a escrita e perdia-se olhando para lá da janela. No exterior, os pássaros aproveitando o sol, que surgira após a invernia forte, cantavam e voavam alegremente e contagiavam-no. Recordavam-lhe o último quadro que pintara, céu azul, mar, os barcos ao longe e no areal, quente e apetecível,os guarda-sóis, como se o verão da vida estivesse lá.
Queria viver mais um tempo, não queria partir já.


Tentava inconscientemente, agarrar-se aos últimos laços que ainda restavam, não queria que tudo se desmoronasse, Queria usufruir do que achava, ainda, cedo de mais para lhe ser retirado.

Deixou-se letárgico, como um réptil se aproveitando do sol, e esperando pacientemente que ela chegasse, Talvez ainda houvesse tempo para adiar a partida, ou quem sabe, adormecesse profundamente acordando num outro lugar, em um outro tempo. Quem sabe.

DC

1 comentário:

  1. No silêncio
    Escrevo...leio
    Onde está o tempo que vivi contigo
    Quando olhava nos teus olhos
    Beijava a tua boca
    Amava o teu corpo
    Quando partilhava contigo o meu destino
    Quando preenchias todo o meu eu
    Ah! Que enorme Amor o meu...
    Soletro levemente o teu nome
    Não quero dizer Adeus...

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