Sentia que algo morrera dentro de si. Caminhava em círculos dentro daquelas quatro paredes, negras, sem fresta de luz, ou qualquer saída. Tinha a consciência, de que do outro lado havia a cor, outra vida, mas esta fugia-lhe e não conseguia encontrar saída.
Sabia o que tinha de escrever, no entanto não escrevia, ajustava o bico da caneta, experimentava a escrita e perdia-se olhando para lá da janela. No exterior, os pássaros aproveitando o sol, que surgira após a invernia forte, cantavam e voavam alegremente e contagiavam-no. Recordavam-lhe o último quadro que pintara, céu azul, mar, os barcos ao longe e no areal, quente e apetecível,os guarda-sóis, como se o verão da vida estivesse lá.
Queria viver mais um tempo, não queria partir já.
Tentava inconscientemente, agarrar-se aos últimos laços que ainda restavam, não queria que tudo se desmoronasse, Queria usufruir do que achava, ainda, cedo de mais para lhe ser retirado.
Deixou-se letárgico, como um réptil se aproveitando do sol, e esperando pacientemente que ela chegasse, Talvez ainda houvesse tempo para adiar a partida, ou quem sabe, adormecesse profundamente acordando num outro lugar, em um outro tempo. Quem sabe.
DC
sexta-feira, 7 de março de 2014
QUEM SABE..
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Foto:Diamantino Carvalho
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No silêncio
ResponderEliminarEscrevo...leio
Onde está o tempo que vivi contigo
Quando olhava nos teus olhos
Beijava a tua boca
Amava o teu corpo
Quando partilhava contigo o meu destino
Quando preenchias todo o meu eu
Ah! Que enorme Amor o meu...
Soletro levemente o teu nome
Não quero dizer Adeus...