sexta-feira, 21 de novembro de 2014

As MEMÓRIAS






Antes demais, peço desculpa se me atrevo a falar de memórias, mas se as tenho e são muitas, talvez me seja permitido o arrojo de opinar sobre o assunto.

Eu sinto que há memórias nos ajudam a preservar coisas boas. Memórias saudáveis, que nos lembram os momentos agradáveis, que nos fazem rejuvenescer e às quais infelizmente não damos a devida importância usufruindo da própria experiência, nem da vantagem da sua utilização na interacção com os outros, tornando-nos mais felizes. Na maioria dos casos, como um fado, sobrevalorizamos e agarramo-nos às memórias menos boas, delas fazendo um filme com um guião paupérrimo, que nos impede de dar um passo em frente no verdadeiro filme que deveria ser a nossa vida e sua realidade. Memórias essas que nos tolhem e nos prendem aos factos acontecidos, nos quais chafurdamos com um prazer mórbido, como se numa ferida aberta fosse bom colocar sal e vinagre. Usamos essas memórias como suporte, ou justificação de comportamentos e emoções. Quase tiramos prazer do envolvimento dos outros nas nossas dores, surgindo perante eles com caretas de mau humor, olhos tristes, orelhas caídas, chorando o azar que nos tocou, a paixão que nos falhou, a incompreensão para o que nos aconteceu. Portamo-nos como seres “choninhas”, sem inteligência, como peças avariadas, Apresentamo-nos como únicos, como se aos outros, aquilo que sofremos e vivemos, nunca lhes tivesse acontecido, para justificar o quanto é difícil ultrapassar a dor, Com essa atitude fechamo-nos às experiências e memórias dos outros, e assim à possibilidade de encontrar mais facilmente caminhos e soluções. Na realidade muitas vezes apercebemo-nos quando confrontados com situações inesperadas, que nos afastam temporariamente desse choradinho, concluímos que afinal, há já muito tempo que aquilo que servia como auto-comiseração, tinha perdido o sentido e a carga que lhe deu origem, Na prática estávamo-nos a impedir de sarar e avançar em frente, trazíamos “a morte” às cavalitas.

Todas as memórias que possuímos, são um contributo importante de experiência, aprendizagem e ilações necessárias, como relato de uma experiência/referência na abordagem do presente, ou na necessidade de construir futuro.

DC

1 comentário:

  1. "Todas as memórias que possuímos, são um contributo importante de experiência, aprendizagem e ilações necessárias, como relato de uma experiência/referência na abordagem do presente, ou na necessidade de construir futuro."

    ResponderEliminar