sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

UMA BRISA DE MUDANÇA


O frio era acentuado, mas não estava sozinha na sua caminhada, alguns de mão dada, talvez namorando as suas vidas, outros individualmente como ela, percorriam a linha marginal ao mar, que servia de repouso ao olhar. Enquanto as pernas se mexiam inconscientemente, ia pensando nas últimas decisões que tomara para a sua vida e que não tinham sido fáceis. Ali naquele lugar, na chamada época baixa, não havia a enchente dos turistas sazonais habituais. E embora se sentisse algum frio, era bastante mais quente que no norte, o sol ali era companhia diária.

Estava bastante longe do lugar de nascença, trocara o norte pelo sul do país, precisava de fazer um intervalo, ou paragem, nas rotinas que na sua terra de origem a incomodavam. A vizinhança pouco simpática, a procura de trabalho, as saídas para se distrair que não resolviam o que sentia dentro de si, a falta de partilha de algo mais sério e reconfortante, a luta diária contra o vazio que sentia dentro de si levaram-na a partir.
Ali, naquele lugar, a vida calma que levava permitia-lhe afastar-se o suficiente para se esclarecer a si própria e encontrar soluções para tomar decisões, a idade começa a marcar a urgência de encontrar um caminho mais assertivo que lhe trouxesse a alegria dos dias. Talvez até encontrar o tal príncipe encantado, quem sabe. Há quem diga “não faças planos para a vida, que ela tem planos para ti”, mas ela preferia fazer os seus.

DC

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