domingo, 3 de maio de 2015

Inventaram um Dia da Mãe...

Inventaram um Dia da Mãe, como se ela não fosse, mais do que um dia. Quase se torna ofensivo atribuir-lhe um dia, como se ela fosse uma pessoa a quem se deve o favor da maternidade, alguém que neste dia se esquece como possível má mãe, ou como o mau filho que não lhe atribui grandeza, e lhe dá a prenda artificiosa da hipocrisia.

Há mães que abandonam, ou maltratam os filhos, há filhos que maltratam, abandonam as mães nos lares, ou lugares parecidos e vão às suas vidinhas, e neste Dia da Mãe, levam um ramo de flores, atiram-nas para uma jarra e de seguida saem marcando quando virão para o jantar. Talvez razão encontrada, muitas vezes, nas maleitas com que crescemos e das circunstâncias em que vivemos.

Não gosto do Dia da Mãe, como outros que assim funcionam como comercialização, na mira do lucro capitalista, explorando os sentimentos. Aproveito, por isso mesmo, este dia - e sempre - para desancar nesse oportunismo e defender que uma vivência tão importante dos seres vivos, não pode ser vulgarizada, desta forma. Perceber ser mãe e ser filho, é parte fundamental da educação, de uma sociedade que privilegia o ser humano acima da materialidade. Somos sim, durante trezentos e sessenta e cinco dias, as mães e os filhos que somos, e cada um deve saber o papel que nos cabe nessa relação e vivência e valorizá-lo.

Lembro-me de dois irmãos que começaram a trabalhar bastante novos, que quando lhes davam uma gorjeta por algum serviço prestado, iam de imediato a uma pastelaria comprar o “pastel chila” que a mãe mais gostava e que praticamente só nessas alturas degustava.
Eram dois prazeres num só acto. O prazer da surpresa e a alegria da mãe com os olhos marejados de lágrimas. Aquele dia não tinha data marcada, mas acontecia com a periodicidade que a vida permitia.

dc

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