quinta-feira, 18 de junho de 2015

Nem todos...



Nem todos nascem em berço reluzente, no conforto material e  aconchego sentimental. Muitos ascendem a homens ou mulheres, ainda de frescas carnes, sem tempo para temperar, o corpo e a mente, dão saltos nas etapas, sobem escadas pelo meio, correndo o risco da queda.

Do zero absoluto da primeira respiração, tudo se foi construindo em pulso duro, emoções controladas, aprendizagens forçadas. Os risos e sorrisos, leves instantes, desde de cedo em humor boçal, contrapõem a luta da sobrevivência feita à força de trabalho bruto.

Impingem-nos a materialidade em troca dos sentimentos, alfabetizam-nos na estupidez, formatam-nos na necessidade das forças de produção, e fazem-nos crer que a cultura, arte, e alegria não é para todos. Vivemos da ressalva, de que se muito trabalharmos talvez lá cheguemos. Importante é retirarem-nos palavras, emoção, lazer, futuro, e muito menos ter ideias com horizonte a fervilharem na mente. E a isto chamam civilização.

Assim os dias se desfazem como espuma do mar nos minutos do tempo. Dias fragmentados como as estórias que alicerçaram o formato mental e o corpo e se vão enterrando na carne, ficando, envolvendo, sendo estrutura, não sobrando margem para sonhos e enganos.

No entanto, ainda assim, há um punhado de gente que respigando do seio da sociedade, sonha, trabalha, divulga ideias, fomenta a luta, na procura de encontrar os caminhos para a mudança de paradigma. São eles a certeza da mudança.

dc

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