quarta-feira, 29 de julho de 2015

Nem sempre juntos, nem para sempre juntos.


Perdeu-se o hábito de eternizar o viver a dois(?). Torna-se difícil, nos dias de hoje, no mesmo espaço conviver, com mais um, por vezes, mais dois ou três, que vêm por arrasto. A materialidade, a individualidade exacerbada a que nos fomos habituando pela modernidade, contingências económicas, sobrevivência e tecnologia de comunicação que nos agarra à voz do mundo e nos afasta do ruído dos mortais, São tudo condicionantes para que na hora da verdade se hesite, surgindo o medo de perda da liberdade(?) globalizada.

Bem vindos aos tempos modernos onde “oh, é tão bom... não foi”, mal se começa já findou. Somos formatados para sociedade de acordo com quem tem o poder, e de nós quer, como dos nossos filhos e vindouros, seres egoístas, individualistas, à procura de sucesso a qualquer preço, de bens materiais e deslocalização para que se não criem raízes.

Produzem-se revistas, programas de TV, arranjam-se opinadores e outros processos de comunicação e contágio. A treta do “cada um que se safe”, o melhor que puder, mesmo que galgando nas costas uns dos outros. Quanto mais a sós, melhor, retiram-nos os filhos do quotidiano, a vivência em família, perdendo raízes e fazendo melhores escravos modernos. Talvez aqui a razão dos muitos fracassos de entendimento e comunicação entre as pessoas que se gostam.

Contudo, mesmo assim, a tudo isso, de forma quase inconsciente, tentamos fugir e deixar que os instintos primários da vivência em comum tragam à superfície o amor ao outro, o partilhar um pouquinho das nossas vidas, como nos recorda o romance de um livro que lemos, ou um filme que nos expõe a um “amor e uma cabana”. E quando se vislumbra algo parecido, teme-se tanto, que se quer que tudo aconteça rápido - como a modernidade nos habituou - sem tempo de conhecer, vivenciar, aceitando de bom grado algo híbrido incompleto, não correndo o risco de “ser agora o momento” e perdermos a oportunidade...depois....mais um “tiro no porta-aviões”.


dc

1 comentário: