segunda-feira, 14 de setembro de 2015

NO DOBRAR DA ESQUINA





Sempre sonhei, dobrar uma esquina, às vezes pensando ser “super-homem”, deixando para trás, rapidamente o que já era.

Dobrar para deixar de ver o que me persegue, dobrar, para me livrar de ter o passado colado às costas. Tem vezes, que fico mesmo tão aborrecido, que me apetecia dobrar os sinais que nas ruas indicam aos peões e aos automobilistas as regras a cumprir, pois nem uns nem outros cumprem, Até aqueles das informações horárias, na paragem doa autocarros, para me entreter, para diminuir a fúria de tanta demora.

Dobrar da esquina, como se fosse o “Homem de borracha”, das estórias aos quadradinhos, adaptando -me ao ângulo de noventa graus, colocando a cabeça e os olhos salientes, para lá da esquina do meu corpo, espreitando primeiro, antes de dar o passo para o outro lado, como num esconde, esconde, no qual a única diversão é não ser surpreendido pela burrice humana.

Às vezes sabia bem dobrar a esquina da vida e encontrar a outra rua, aquela onde ainda existem sorrisos e que ainda nos faz pensar, que vale a pena viver e lutar. Aquela rua onde se caminha de cabeça erguida, olhando, olhos nos olhos aqueles que como nós são força da vida.



dc


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