segunda-feira, 28 de março de 2016

Olham-se...





Gostei de ver aquele casal sentado na mesa do café, na esplanada junto ao mar.
É quase indizível a forma como aquele olhar os unia e falava do seu amor.
Quando falam olham-se nos olhos, como se não reparassem nas palavras que se soltam da boca, mas naquelas que os olhos dizem. Um olhar substantivo de coisas belas que todos nós queremos ler, ouvir e sentir. Aquele olhar que faz as mãos se procurarem, como se também essas quisessem falar e os atira para o beijo inesperado, que os arranca da timidez e os faz avançar profundamente, como num mergulho em apneia aproveitando a totalidade do ar até ao limite.
Olham-se como se quisessem dizer... por favor, não retires esse olhar que sempre me fala mais de ti, do que a tua boca quando se solta, que o teu corpo quando se oferece, é mais o meu mar onde me perco, é mais a luz de ti, que faz com que os dias sejam algo que vale a pena viver...
Eu fico-me, por um tempo, fora do tempo meio esvanecido de mim, deixo-me envolver no som do mar que me vai chegando, como música de fundo, compondo a estória.

dc


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